Historiador e criador de conteúdo digital para as plataformas do Kwai, Tik Tok e You Tube. Dedicado à pesquisas sobre memória e patrimônio histórico-cultural em comunidades tradicionais
Tradições, tiros e terra natal: A história de Arno Radünz, um pomerano-brasileiro
No sul do país, em particular, a influência dos imigrantes é profundamente sentida, moldando não apenas a paisagem, mas também o coração e a alma de suas comunidades.
01/11/2023
TRADIÇÕES – A história do Brasil é um mosaico de culturas, tradições e histórias que se entrelaçam para criar a rica tapeçaria que é nossa identidade nacional. No sul do país, em particular, a influência dos imigrantes é profundamente sentida, moldando não apenas a paisagem, mas também o coração e a alma de suas comunidades.
Arno Radünz, nascido em Jaraguá do Sul, é um exemplar vivo dessa tapeçaria, um descendente de pomeranos que trouxe consigo não apenas o legado de seus antepassados, mas também uma paixão pela terra que escolheu chamar de lar. Sua vida, marcada por tradições, competições de tiro e um amor profundo pela sua terra natal, reflete o espírito resiliente e dedicado dos pomerano-brasileiros. Esta é a sua história, uma celebração de suas raízes e de sua contribuição inestimável à cultura e à comunidade de Jaraguá do Sul.
Arno Radünz nasceu em 01 de julho de 1938, na cidade de Jaraguá do Sul. Era filho de Arthur Radünz e Clara Fischer Radünz e tinha como irmãos Alzira Radünz Volkmann, Anita Radünz Borchartd, Ingo Radünz e Ango Radünz.
Em sua trajetória estudantil, Arno frequentou a Escola Isolada “Rio Serro” (multisseriada) a partir de 1945. A escola ficava próxima à Igreja Luterana, em uma edificação de enxaimel (fachwerk). Mais tarde, as aulas aconteceram na sede social da Sociedade de Atiradores Sport Rio Serro, estabelecida em 1 de janeiro de 1916 e com estatuto registrado em 13 de agosto de 1938. O espaço, situado no lado esquerdo de Rio Cerro II, era multifuncional. Durante a semana, servia como escola e, em certas ocasiões, se transformava no palco de festividades. Seus professores mais notáveis foram Carmen Rocha (Portela) e Maria da Graça Fischer.
Profissionalmente, Arno orgulhosamente se autodenominava “colono”. Era conhecido por ajudar os vizinhos na colheita e, reciprocamente, receber auxílio. Residiu no território de Rio Cerro durante toda sua vida. Em 1955, alistou-se no exército e, em 1957, foi convocado para a Polícia do Exército no Rio de Janeiro. Retornou a Jaraguá do Sul em 1958.
Em sua vida amorosa, casou-se com Magdalena Brehmer em 20 de setembro de 1958, na Igreja Luterana no Brasil, Comunidade Apóstolo Pedro, localizada no Centro de Jaraguá do Sul. Deste matrimônio, nasceram dois filhos: Carin Radünz Strelow e Nilton Radünz.
Arno teve participações destacadas em competições de tiro. Na Sociedade Aliança, foi coroado rei em três ocasiões (27/04/63, 03/02/68, 14/02/87) e obteve outros títulos honoríficos (11/04/64, 28/10/72 e 23/06/2012) . Na Sociedade Alvorada, também obteve o título de rei três vezes (23/06/07, 14/06/08,15/06/2013) e conquistou outros prêmios de cavalheiro (10/01/09, 25/06/2011 e 12/09/09) . Desde o início, em 1989, participou dos desfiles da Schützenfest (Festa dos Atiradores) como comandante da Sociedade Aliança, sendo posteriormente homenageado como sócio.
Não só ele, mas sua esposa Magdalena também foi reconhecida, sendo coroada rainha nas Sociedades Aliança e Alvorada. Ambos participavam ativamente das festividades culturais.
Arno Radünz era, sem dúvida, um homem de princípios, valores, trabalho e cultura. Incentivava os netos a manter as tradições e a se engajar em atividades culturais e esportivas. Tinha uma paixão especial pela Sociedade Aliança, colaborando como voluntário na organização de diversos eventos, incluindo a Festa do Colono. Sempre marcava presença nos eventos, vestindo seu uniforme e acompanhado de sua esposa, reafirmando sua identidade e o seu amor pela cultura e tradição. Porém, em 14 de outubro veio a falecer, sendo sepultado no dia seguinte, no Cemitério Luterano de Rio Cerro II.
A trajetória de Arno Radünz é um testemunho eloquente da tenacidade e do compromisso dos pomerano-brasileiros com suas raízes e tradições. Ao longo de sua vida, ele não só preservou os costumes de seus antepassados como também os integrou à realidade brasileira, mostrando que é possível manter uma identidade cultural distinta ao mesmo tempo em que se contribui de maneira significativa para o tecido social mais amplo. tradições
Os valores de trabalho árduo, respeito pela terra e paixão pelas tradições que ele personificou servem como um lembrete do rico legado cultural que os imigrantes trouxeram para o Brasil. Suas conquistas nas sociedades de tiro, sua dedicação à família e à comunidade, e seu profundo amor pela cultura pomerana refletem o espírito vibrante e resiliente dessa comunidade.
Arno, com sua vida plena e suas contribuições, nos mostra que a identidade é multifacetada, e que podemos, simultaneamente, celebrar nossas origens e abraçar o presente. Sua história é uma inspiração para todas as gerações de pomerano-brasileiros e para todos os brasileiros, mostrando a importância de conhecer e valorizar nossas raízes, enquanto construímos um futuro juntos.
Ao refletir sobre a vida de Arno Radünz, somos lembrados da riqueza que a diversidade traz para nossa nação e da responsabilidade que temos em preservar e celebrar a tapeçaria cultural que é o Brasil.tradições
A vida de Arno é um retrato fiel de dedicação, tradições e amor à cultura de sua terra natal. (Ademir Pfiffer – Historiador e Youtuber, para o JDV)
Quer saber das notícias de Jaraguá do Sul e Região primeiro? Participe do nosso grupo de WhatsApp ou Telegram!
Siga nosso canal no youtube também @JDVonline