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Shein vende mais que Marisa no varejo brasileiro
A produção sob demanda é, por sinal, um dos trunfos da Shein
11/06/2023
O fenômeno Shein no Brasil tem gerado sombra sobre alguns dos maiores varejistas têxteis locais. No ano passado, segundo estimativas do banco de investimentos BTG Pactual, a Shein faturou nada menos que R$ 7 bilhões –um salto de 250% sobre os R$ 2 bilhões registrados em 2021, de acordo com o BTG. Já as varejistas locais, embora tenham apresentado em 2022 crescimento da receita líquida (vendas menos impostos, descontos e devoluções), tiveram avanços tímidos frente à Shein, entre 10% e 25%.
O faturamento da varejista online asiática, reconhecida pelos preços baixos de fast fashion (moda rápida), com 2.000 novos produtos lançados por dia, está perto dos ganhos de grandes redes tradicionais no Brasil, como Riachuelo e C&A, que em 2022 somaram R$ 8,4 bilhões e R$ 6,2 bilhões, respectivamente, em receita líquida.
Fundada em 2008 na China, e hoje com sede em Singapura, a Shein não revela faturamento global ou local. Mas o BTG também estima que as suas vendas totais no ano passado tenham batido os US$ 30 bilhões (R$ 147 bilhões), o que a coloca em pé de igualdade com a Zara, criada em 1975, cuja controladora, a espanhola Inditex, faturou 32,6 bilhões de euros (R$ 171 bilhões) no último ano fiscal, encerrado em março
Nos últimos três anos, entre 2020 e 2022, só a C&A investiu R$ 601 milhões em tecnologia.
“Nossa proposta é ser uma fashiontec, uma empresa de moda abastecida por tecnologia”, disse Francislei Donatti, vice-presidente comercial da C&A Brasil. “O uso de inteligência artificial faz parte deste processo”.
A varejista acaba de contratar a multinacional americana de tecnologia e inteligência artificial Palantir, com a qual desenvolveu o Fluxo Integrado de Gestão: um sistema que fornece recomendações de compra automatizadas. O software diz exatamente quando e quanto comprar de cada produto para que não sobre estoque em loja –um indicativo de dinheiro parado.
“O objetivo é que fique sempre um nível de estoque ideal para o portfólio das peças mais vendidas”, diz Donatti. O sistema também gera o pedido de compra automaticamente, de acordo com a demanda. Segundo ele, desde a adoção da IA nas lojas da rede, o índice de consumidores que encontram o que procuram nas lojas passou de 80% para 90%. “Nossa meta é 95%.”
A produção sob demanda é, por sinal, um dos trunfos da Shein. “Os varejistas brasileiros compram estoque com um ano de antecipação, estoque suficiente para quatro ou seis meses. Não têm o produto correto no lugar correto sempre”, diz Marcelo Claure, presidente da Shein para o Brasil e a América Latina. “O modelo da Shein é on demand. Nós só fabricamos o que o consumidor quer.”
No modelo da Shein, são realizados testes com 100 a 200 peças no aplicativo. Uma vez que a demanda se confirma, a produção é escalada, tudo em tempo real.
“Usamos inteligência artificial para determinar dois fatores muito importantes: o que vamos fabricar e qual o produto cada consumidor quer. Se você abre o aplicativo da Shein e eu abro o meu, a Shein vai mostrar produtos diferentes para mim e para você”, afirma Claure. “É algo completamente diferente do varejista tradicional, que monta estandes, sem saber o que o consumidor quer”, diz ele, que conta com mil designers terceirizados trabalhando ao redor do mundo.
Na opinião de Luiz Guanais, analista de consumo e varejo do BTG Pactual, as varejistas locais já têm feito a lição de casa para enfrentar a Shein.
“Durante a pandemia, as grandes redes brasileiras –Renner, Riachuelo e Marisa– e a C&A procuraram investir em tecnologia para alavancar as vendas digitais, que até então eram pouco significativas”, diz ele. “Mas agora o foco é usar a tecnologia para ser mais ágil e diminuir custos com estoque, garantindo mais assertividade no planejamento e na distribuição das coleções.”
Conteúdo postado por Folha de São Paulo, leia matéria completa clicando aqui
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