Secretaria da Saúde já se prepara para uma nova onda de casos de dengue
Saúde divulgou mais uma edição do Boletim Epidemiológico da Dengue, com os dados atualizados em relação aos casos notificados, confirmados, descartados e suspeitos de dengue no Município
11/10/2024
O Brasil enfrentou no primeiro semestre de 2024 a pior epidemia de dengue da história e Jaraguá do Sul não ficou de fora. Na quarta-feira (9), a Secretaria Municipal de Saúde divulgou mais uma edição do Boletim Epidemiológico da Dengue, com os dados atualizados em relação aos casos notificados, confirmados, descartados e suspeitos de dengue no Município, além do número de focos do Aedes aegypti e bairros onde foram encontrados focos.
Até então havia em Jaraguá do Sul 25.388 casos notificados, 17.534 casos confirmados, 7.846 casos descartados, oito suspeitos, 2.090 focos do Aedes aegypti e 13 óbitos. A Secretaria de Saúde alerta que a população pode ajudar a combater a doença eliminando locais com água parada, que se transformam em criadouros para o mosquito. Na lista estão pneus, caixas d’água, vasos de plantas e lixo acumulado, por exemplo.
De acordo com o secretário de Saúde, Rogério Luiz da Silva, o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, põe seus ovos à beira de água parada, seja ela limpa ou não. Os ovos eclodem quando a temperatura está alta. Dentro dessa água, as larvas se desenvolvem até se transformarem em mosquitos.
Existem quatro tipos de vírus da dengue circulando no planeta. Pessoas infectadas com um deles não ficam imunes aos outros. Essa dinâmica favorece a ocorrência de epidemias mais graves de tempos em tempos. No Brasil, esses períodos ocorrem em média a cada três anos.
Outros fatores também exercem influência no aumento das infecções, entre eles, as mudanças climáticas. Como o mosquito se prolifera em água parada, as chuvas intensas impulsionam a presença do vetor. Além disso, o Aedes aegypti se reproduz mais rapidamente no calor, portanto, se beneficia das temperaturas extremas registradas no Brasil.
Nova central da dengue já está sendo estruturada para enfrentar a doença
O secretário de Saúde de Jaraguá do Sul, que também é médico, explica que no primeiro semestre, quando eclodiu a epidemia, o município agiu rápido e montou a central da dengue, ocupando o espaço do estande de tiro olímpico, no Parque Municipal de Eventos. Com a redução dos casos, foi desativado e agora está sendo preparado para a Schützenfest.
No entanto, a dengue deve voltar com força neste mês, ou em novembro, com novo pico esperado em todo o Brasil. Em Jaraguá, as autoridades de saúde estão se preparando para a nova onda e já capacitou profissionais para trabalhar na gestão da crise, entre eles médicos, enfermeiros, técnicos e agentes de endemias.
“Desta vez vamos enfrentar a doença com mais preparação. Já estamos organizando outra central da dengue, não no Parque de Eventos, mas em um galpão em um bairro da cidade, cuja locação está sendo definida. Vamos ter o pico da dengue novamente, disso não escaparemos. Isso em todo o Estado”, frisou Rogério da Silva.
A nova central da dengue estará mais bem estruturada, inclusive com laboratório para análise de sangue para verificar as plaquetas dos contaminados e o acompanhamento. Outras secretarias e órgãos do governo municipal, segundo o secretário, também estão sendo engajadas para o enfrentamento da nova crise da dengue.
Distribuição de sementes de crotalária para atrair predadora de mosquito
Na preparação para o enfrentamento de dengue, uma das ações com o envolvimento do Rotary Club e do Rotaract de Jaraguá do Sul, é a distribuição de sementes de crotalária, planta leguminosa que ao se desenvolver produz uma flor que atrai a libélula, um inseto natural predador de mosquitos, inclusive o da dengue. Com o plantio da crotalária no jardim ou quintal de casa, ou até no jardim de uma empresa, a libélula, que busca colocar ovos em água parada, assim como o mosquito Aedes aegypti, vai depositar seus ovos, essas larvas vão se alimentar das larvas do mosquito transmissor da dengue acabando com aquele foco.
O mesmo acontece com a libélula adulta, ela é predadora e se alimenta de pequenos insetos, o que inclui o Aedes aegypti, podendo acontecer a quebra da cadeia reprodutora do mosquito. A ideia é realizar o controle biológico do ciclo de vida do mosquito. “É uma ação que no primeiro momento pode ser considerada de pouco impacto, mas é positiva porque é uma forma de controlar os focos da doença”, comenta o secretário Rogério da Silva, da Saúde.
O secretário acrescentou que Jaraguá do Sul solicitou ao Ministério da Saúde o Método Wolbachia, patenteado pelo World Mosquito Program (WMP) e conduzido no Brasil pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, para receber mosquitos Wolbitos. Joinville já conta com uma biofábrica e Jaraguá do Sul também está pleiteando.
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações.
Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo. Não há qualquer modificação genética no Método Wolbachia do WMP, nem no mosquito nem na Wolbachia.
No entanto, o melhor método de prevenção é cada qual fazer o dever de casa, evitando águas paradas que podem se transformar em depósito de larvas do mosquito contaminados com a dengue e outras doenças endêmicas.
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