Saúde auditiva merece atenção especial

O primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado em março de 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva até 2050. O estudo destaca que cerca de 60% das perdas podem ser evitadas com prevenção e tratamento de doenças ligadas à surdez. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de pessoas no país têm algum problema relacionado à surdez, ou seja, 5% da população é surda. Entre elas, 2,7 milhões não ouvem nada.

Para discutir o assunto, especialistas marcaram o dia 3 de março como o Dia Mundial da Audição. A otorrinolaringologista Alda Linhares de Freitas Borges, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, destaca algumas questões sobre o que pode levar as pessoas a uma surdez precoce. Ao contrário do que muitos pensam, o fone de ouvido não é, necessariamente, o personagem malvado da questão. “Ele não é um vilão, mas pode se tornar um. Na verdade, ele vira um problema quando a pessoa faz uso muito prolongado com volume alto”, salienta.

A pandemia fez com que as pessoas se adaptassem ao home office com várias reuniões remotas e ao ensino à distância, aumentando o uso dos fones de ouvido. Embora ainda não haja estudos sobre o impacto disso na saúde auditiva, especialmente de crianças e adolescentes, sabe-se que houve crescimento no consumo de fones de ouvido. Segundo a fabricante alemã Sennheiser, em 2020, houve aumento de 70% nas vendas desses acessórios no Brasil. A brasileira Multilaser também registrou um crescimento de mais de 50% na comercialização desse tipo de equipamento.

Outros fatores

No entanto, os fones de ouvido não são os únicos que podem afetar a audição, levando a uma surdez precoce. A otorrinolaringologista explica com o que se deve ter cuidado: “evitar a exposição a sons muito altos, intensos e súbitos. Fazer proteção auditiva com os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados para aquelas pessoas que estão expostas diariamente, em especial em ambiente de trabalho, a ruídos contínuos e de volume elevado”.

É preciso se atentar aos sintomas que indicam uma perda de audição. “Sinal comum é o isolamento social da pessoa, tanto em pacientes jovens quanto nos idosos, mas especialmente nos idosos. Isso decorre da dificuldade de compreensão da fala e distinção de sons, levando a constrangimentos. Outro sinal precoce de perda auditiva é o zumbido. Sensação de abafamento ou pressão nos ouvidos também podem servir de alerta”, pontua a especialista.

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JDV

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