Tecnologia

Relógio usa IA para auxiliar no diagnóstico precoce de Parkinson

O uso do dispositivo para esta finalidade deve ser feito com acompanhamento médico, em ambientes de pesquisa.

04/07/2023

Bastante populares, os smartwatches ganham cada vez mais recursos para o uso na área de saúde, como o monitoramento cardíaco, a detecção de quedas e até a glicemia (nível de açúcar no sangue). Agora, cientistas da Cardiff University, no Reino Unido, descobriram a capacidade do wearable em prever casos da doença de Parkinson em até sete anos antes do diagnóstico, com a ajuda de Inteligência Artificial (IA). O uso do dispositivo para esta finalidade deve ser feito com acompanhamento médico, em ambientes de pesquisa.

O segredo por trás do smartwatch no diagnóstico do Parkinson está no acelerômetro. Este é um sensor de movimento que permite detectar o nível de aceleração do dispositivo e, consequentemente, de quem o carrega no pulso. Aqui, vale apontar que ter dados sobre o movimento de um paciente é fundamental para o rastreio da doença que está intimamente ligada com a piora da coordenação motora.

“Sabemos que, conforme a doença de Parkinson se desenvolve, há mudanças na velocidade do movimento. Por isso, investigamos se a acelerometria poderia funcionar como um marcador prodrômico [que antecede os primeiros sintomas] para a doença de Parkinson e, finalmente, permitir o diagnóstico precoce”, afirma Kathryn Peall, uma das autoras do estudo, em nota.

Smartwatch detecta sinais precoces de Parkinson

Publicado na revista científica Nature Medicine, o estudo britânico usou a IA para analisar dados de mais de 100 mil voluntários que usaram smartwatches, entre os anos de 2013 e 2016. Os participantes tinham entre 40 e 69 anos, e usaram o dispositivo por pelo menos uma semana. Em seguida, um modelo de IA comparou os dados com informações de indivíduos diagnosticados com Parkinson.

Estudo sugere que diagnostico precoce do Parkinson pode ser feito com o uso de smartwatch (Imagem: Bialasiewicz/Envato)

A ferramenta identificou, com sucesso, a maioria dos possíveis casos da doença. “Nossos resultados mostraram que uma redução pré-diagnóstico na taxa de aceleração foi exclusiva da doença de Parkinson e não foi observada em nenhum outro distúrbio que examinamos”, acrescenta Cynthia Sandor, outra pesquisadora do estudo, sobre a descoberta.

Mais pesquisas sobre a doença de Parkinson

Apesar do sucesso no experimento, a estratégia ainda não está pronta para o uso em larga escala. Os autores afirmam, no artigo, que é necessário estabelecer melhor o grau de precisão, já que um diagnóstico positivo para a doença neurodegenerativa pode ter graves impactos na vida de um indivíduo. A estratégia também deve ser testada em outras populações, fora do Reino Unido.

Mesmo que, de modo preliminar, a possibilidade de um diagnóstico simplificado e feito com antecedência de anos para o Parkinson é bastante promissor. Outros pesquisadores testam a IA na detecção da doença através da respiração. Hoje, a maioria dos quadros são identificados quando a doença está em um estágio avançado, marcado por tremores, lentidão dos movimentos e mudanças no caminhar praticamente irreversíveis. Neste estágio, a ciência oferece poucas opções de tratamento.

Por outro lado, a descoberta associada ao uso de smartwatches já pode ser usada para facilitar o recrutamento de voluntários para novos estudos sobre o Parkinson. Afinal, os indivíduos que se enquadram nos critérios da IA são fortes candidatos a desenvolverem a doença, e podem contribuir ativamente em estudos que buscam novas opções de tratamento.

 

Conteúdo postado por Canaltech

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Estudante da 5ª fase de Design, curiosa por natureza e apaixonada pelo que faz.

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