Récita do jaraguaense Ático Rubini será apresentada pela primeira vez no Femusc
Récita do jaraguaense Ático Rubini será apresentada no Femusc. Versos da obra-prima do poeta indianista Gonçalves Dias, foram transformados em ópera
17/12/2024
Récita do jaraguaense Ático Rubini em apresentação pela primeira vez no Femusc – O poeta indianista Gonçalves Dias escreveu os 484 versos de I-Juca Pirama, obra-prima transformada em ópera e teve sua primeira apresentação em 1947. O irmão marista Ático Rubini, nascido em Jaraguá do Sul, realizou a adaptação. Quase meio século depois, em janeiro de 2025, a cidade verá a primeira apresentação da abertura da obra em solo jaraguaense, no palco da Scar, durante a 20ª edição do Festival Internacional de Música de Santa Catarina (Femusc).
O evento, considerado o maior festival-escola de música clássica da América Latina acontece de 12 a 25 de janeiro. Todos os espetáculos do Femusc são gratuitos. “Estamos muito empolgados e orgulhosos de podermos mostrar essa obra para a plateia do Femusc, que com certeza ficará emocionada com o espetáculo escrito por um filho dessa terra, tão ligada à música clássica”, afirma o idealizador e diretor-artístico do festival, maestro Alex Klein.
“Não poderíamos escolher momento mais adequado para trazer esse presente para a cidade do que a comemoração da 20ª edição do Femusc.”,
aponta.
Escreveu-se I-Juca Pirama em 1851, e ele conta o drama de um grande guerreiro tupi capturado pela tribo Timbira. A poesia, dividida em dez cantos com versos decassílabos, mostra o indígena rendido que, ao chorar diante da morte, seu próprio pai o chama de covarde. A partir daí, Juca Pirama passa a viver para provar sua coragem e recuperar sua honra.
No Femusc, os temas da versão operística de I-Juca Pirama farão parte da “Noite de Ópera”, que compõe o Programa de Ópera e Canto Lírico do evento, em 17 de janeiro a partir das 20h30. Cantoras e cantores subirão ao palco para apresentar árias individuais acompanhados pela orquestra de ópera do Femusc.
A “Noite de Ópera” contará com direção musical do maestro Alex Klein, e terá como anfitriã a professora soprano brasileira Celine Imbert. A expectativa é que cerca de 100 integrantes do festival façam apresentações nesse dia, incluindo 30 cantores.
Nascido Albino José Rubini, em 1914, o irmão marista se formou em Filosofia, Ciências e Letras além de Geografia e História. Mas, foi mesmo como compositor que o religioso escreveu seu nome na história. Ático, sem nunca ter tido formação como músico, escreveu inúmeras peças sacras (missas e motetes), arranjos folclóricos e foi um dos finalistas do concurso que elegeu o Hino de Jaraguá do Sul.
A primeira obra de Ático Rubini, nome que adotou como religioso, foi um melodrama intitulado Tarcísio, apresentada pela primeira vez em Curitiba, mas chegou também aos palcos de Mendes (Rio de Janeiro) e de Santos (litoral sul do estado de São Paulo). “A Vocação de Colombo” foi o segundo espetáculo do compositor jaraguaense, e teve como inspiração a obra de Colombo Fanchullo, com texto e música de autoria própria. A obra conta a
história de um jovem que sonhava em ser navegante, contra a vontade do pai, que queria que o filho trabalhasse como tecelão.
A récita é cantada em português e, apesar de dimensões menores, conta com o aspecto de uma ópera completa, com coro, orquestra e quatro árias. A capital paulista ganhou a primeira apresentação da obra em 1965, na sequência “A Vocação de Colombo” foi para Curitiba.
A família Rubini, vinda da Itália e estabelecida em Jaraguá do Sul no início do século passado, registrou sua trajetória em um livro publicado em
2018. Desde então, os familiares tiveram a ideia de procurar o Femusc para apresentar a obra do parente religioso, que foi nomeado secretário de
Dom Paulo Evaristo Arns, mas deixou seu maior legado no formato de música. Este ano, um contato com Alex Klein foi suficiente para impressionar o maestro que incluiu a obra de irmão Ático no festival. “Fiquei muito impressionado com a sensibilidade e com a riqueza musical, e as nuances regionais só engrandecem a obra”, conclui Klein.
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