Quatro gerações, uma história e um acordeon

A casa de alvenaria construída no final do terreno com pátio de brita localizada no início da Estrada Bananal, no bairro Beira Rio, em Guaramirim, poderia ser só mais uma casa se não fosse por um único detalhe: quatro gerações que arrumam acórdãos.

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A história de amor pelo instrumento que tem no mínimo 48 baixos, começou com o imigrante alemão Otto Danker (in memorian) e já foi pauta do Jornal do Vale em fevereiro de 1996. 

O neto, Paulo Oscar Danker, de 57 anos, lembra que o pai, Ernesto Danker, já falecido, contava que o avô começou a arrumar bandoneon. 

“Meu avô era professor de bandoneon e os alunos vinham com o instrumento todo destruído, sem condições de uso. Autodidata, ele começou a arrumar os instrumentos para depois ensiná-los a tocar”, lembra. 

Para pagar os consertos, os alunos trabalhavam na plantação de Otto. Com o tempo, os bandoneons de fole e botão, deram lugar às teclas do acordeon.

O conserto que antes era feito somente por Otto, passou a ser feito depois também por Ernesto, que o ensinou depois ao filho. 

“Sabe aquela coisa de criança de levar uma ferramenta aqui, outra ali e ir brincar cinco horas e depois voltar? Foi assim que comecei a ajudar o meu pai”, relata Paulo com brilho no olhar. 

E, apesar de há quase 50 anos trabalhar com isso, ele não sabe tocar o instrumento que afina com maestria. 

“Tenho um ditado comigo: o engenheiro que constrói um avião não sabe pilotar, assim como o mecânico de fórmula 1. Os pilotos dão as orientações para eles. Aqui é a mesma coisa, o acordeonista me passa o que precisa”. 

Apesar de pequena, o que não falta na oficina é som. É barulho de chave de fenda, de uma chave especial para limpar as palhetas do acordeon que Paulo faz questão de manter a que seu pai criou, é da sala de afinação com acústica perfeita e outros maquinários. 

De acordo com ele, todo o trabalho que é feito manualmente requer muita paciência, principalmente a parte da afinação.  

“Depois de limpar, fizemos uma pré-afinação e a afinação final é feita dentro do instrumento. O cliente não pode ter pressa.” 

Antigamente, a afinação era feita de ouvido como se diz, mas hoje em dia, é usado um afinador automático. 

Próxima geração 

Paulo tem duas filhas, mas nenhuma delas quis seguir a sua profissão. “Não forcei. Vi que elas não queriam e tudo bem”. 

Quem ajuda ele hoje no serviço é seu primo de segundo grau, Fábio Danker, de 24 anos. O rapaz começou a trabalhar na oficina com 15 anos. “Estou gostando e pretendo continuar”, afirma o rapaz.

De todos os clientes – conta Paulo Danker – apenas um por cento é da região, os demais são de fora, que conhecem o trabalho de décadas da família Danker neste ofício praticamente artesanal, mas de apurado senso de profissionalismo e conhecimento técnico das particularidades do instrumento.

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Redação JDV

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