Jaraguá do Sul

Principais enchentes de que se tem notícias

Especial Jaraguá do Sul 148 anos

25/07/2024

 

1906

Jaraguá ainda nem era conhecida como “do Sul” quando enfrentou uma das grandes cheias de que se tem notícias. Era uma cidade com infraestrutura precária e casas construídas em áreas baixas e população vulnerável. No dia 24 de janeiro, o rio Jaraguá não suportou as chuvas fortes e persistentes. As águas transbordaram, causando um rastro de destruição e sofrimento. Ao todo, 18 pessoas morreram. A cidade ficou isolada por dias e dias. A população desabrigada, sem comida ou água potável. A falta de saneamento básico agravava a situação, com a proliferação de doenças. Naquele momento, as primeiras medidas de prevenção foram tomadas, e incluíram a construção de diques e a mudança de algumas áreas habitadas por locais mais altos.

 

 

1911

Não se sabe muito sobre a enchente de 1911, apenas que ela elevou as águas do rio Itapocu, na região central da cidade, e com elas a primeira ponte Abdon Batista. Uma estrutura de madeira, cerca de um metro acima das águas. A população local, de quase oito mil habitantes, só voltou a ter uma nova travessia em 1913, quando uma estrutura metálica, trazida a Jaraguá do Sul pelo então deputado estadual Abdon Batista, foi instalada no local. A travessia de metal serviu à cidade por cerca de 50 anos, até 1965, quando uma ponte nova, feita em concreto armado, foi inaugurada há alguns metros de distância. Da antiga ponte metálica, resta o pilar de concreto, solitário em meio ao rio Itapocu, tombado pelo patrimônio histórico do município.

 

 

1944

Era um domingo, dia 26 de novembro. Chovia há dois dias. As águas do rio Itapocu começaram a subir e em pouco tempo atingiam 7 metros acima do nível normal. Da Ponte Abdon Batista, a população local, aglomerada, assistia a violência do rio, levando animais, partes de construções, madeiras e outros entulhos.

 

Jaraguá do Sul Principais enchentes de que se tem notícias

Casas ficaram submersas, assim como plantações inteiras de milho e arroz, para desespero dos colonos. Estradas e pontes foram levadas pela força d’água. Entre elas, as pontes Pereira Oliveira, com extensão de 60 metros, na entrada de Jaraguá do Sul, e a ponte de Nereu Ramos. O trânsito para Blumenau e Joinville, assim como o ferroviário entre Rio Vermelho e São Francisco, foram interrompidos. O prejuízo foi estimado em 300 mil cruzeiros e repercutiram profundamente na vida econômica do município. Foi considerada, na época, a maior cheia do Itapocu desde 1906.

 

 

1953

Foram cerca de seis horas de chuvas, na noite de 22 para 23 de outubro. Chuva violenta, com força para levar tudo pela frente: casas residenciais, serrarias, atafonas, pontes e grande quantidade de animais, com prejuízos principalmente para as lavouras de milho e arroz. O acesso entre Jaraguá do Sul e Corupá, pela Estrada Geral, foi comprometido e ficou interditado por 30 dias. Tempo necessário para reconstrução do pilar da ponte sobre o rio Itapocu, em Nereu Ramos. Para recuperação de pontes e estradas, Jaraguá do Sul recebeu do governo do estado crédito extraordinário de 200 mil cruzeiros. Suspendeu todos os demais serviços municipais e ordenou que maquinários, especialmente tratores, e funcionários, se dedicassem a reconstrução do município. Vale destacar que a maioria dos prejuízos registrados aqui ocorreram no então distrito de Corupá, que em 1953 ainda pertencia ao município de Jaraguá do Sul.

 

 

1960

Em março de 1960, Jaraguá do Sul registrou nova enchente, desta vez com estragos no Rio Cerro e no Rio da Luz. A travessia sobre o rio Jaraguá, Ponte Tavares Sobrinho, também foi seriamente danificada.

 

O histórico de ocorrências registradas em Santa Catarina levou a criação e sanção da Lei 3.742/1960, assinada pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, que regulamentou o auxílio federal em casos de prejuízos causados por fatores naturais.

 

 

1969

Enchente nos dias 14, 15 e 16 de novembro de 1969, mais uma vez, trouxeram prejuízos para Jaraguá do Sul, especialmente para os agricultores. O transbordo dos rios danificou lavouras e estradas. Quedas de barreiras prejudicaram o transito. Foi considerada a terceira maior cheia até então, sendo a maior a de 1953, seguida pela de 1944.

 

 

1983

O ano de 1983 foi um daqueles difíceis para os catarinenses, com enchentes atingindo grande parte dos municípios, especialmente da região Oeste, Norte e do Vale do Itajaí. Ao todo, 30% da população catarinense, cerca de um milhão e meio de pessoas, foram afetadas, com prejuízos estimados em 9 bilhões, considerando apenas para recuperação das perdas nas áreas rurais. Em Jaraguá do Sul, foram registrados pelo menos 30 quedas de barreiras.

 

 

2008 – o divisor de águas

 

 

O ano de 2008 entrou para a história de Santa Catarina com uma das principais cheias já registradas no estado. Até hoje, ele é considerado um dos eventos climáticos mais severos já enfrentados no país, com famílias enlutadas e desabrigadas, desmoronamentos e alagamentos que arrasaram diversos municípios.

 

Em Jaraguá do Sul, também foi inesquecível. As primeiras consequências do excesso de chuvas começaram a ser registradas no dia 6 de novembro; repetiram-se com alagamentos no fim de semana dos dias 11 e 12; no dia 12, especificamente, eram mais de 12 horas ininterruptas de chuvas e ocorrências registradas nos bairros Jaraguá 84 e Barra do Rio Cerro. No dia 14, o número de famílias atingidas chegou a 70.

 

 

Em 24 de novembro, o número de residências atingidas por alagamentos ou deslizamentos havia saltado para 4 mil. Eram cerca de 100 deslizamentos de barreiras, interditando pontes e estradas e 30 famílias desalojadas, abrigadas na casa de amigos ou familiares ou na Arena Jaraguá.

 

As primeiras vítimas fatais. O desabamento de casa na Rua Irineu Franzner, no Loteamento Pakuszewski, Bairro Tifa Martins, deixou três pessoas mortas, soterradas. Uma mãe e suas duas filhas.

 

Na madrugada de 24 de novembro, um dos momentos mais trágicos da cidade. O desabamento de duas casas na rua Feliciano Bortolini, na Barra do Rio Cerro, deixou 10 pessoas da mesma família soterradas. Nove morreram. A última vítima fatal foi registrada no dia 26 de novembro. Um homem de 39 anos, encontrado às margens do rio Jaraguá, na rua Wolfgang Weege.

 

Uma tragédia sem precedentes, a maior até então registrada no município: 1.500 pessoas desalojadas, 15 famílias desabrigadas, 7 mil casas atingidas, 15 casas destruídas e 13 pessoas mortas.

 

Por fim, 2008 terminou com 401 milímetros de chuva acima do esperado, com meses de outubro e novembro registrando 327,9 e 318,3 milímetros, respectivamente.

 

Os eventos climáticos de 2008 mostraram que Jaraguá do Sul, assim como o estado de Santa Catarina, não estavam preparados para atuar em resgates e gerenciamentos de catástrofes do gênero. Dali em diante, Jaraguá do Sul, especificamente, deu início a uma série de ações para que tamanha destruição não se repita.

 

 

2011

O ano de 2011 teve oito meses de chuvas acima do esperado, 239,8 mm a mais que o previsto. Apenas entre os dias 6 e 8 de junho, foram 376 milímetros. Resultado: 70 mil pessoas (50% do município) afetadas, 90 desabrigadas e centenas desalojadas, com 70% área urbana atingida.

 

 

2014

O mês de junho de 2014 ficou registrado como um dos mais chuvosos da história recente de Jaraguá do Sul. Foram aproximadamente 280 milímetros, que causaram um dos maiores alagamentos que a cidade já viu. Ao todo, foram 130 pontos de alagamentos registrados nos bairros Vila Baependi, Amizade, Ilha da Figueira, Rau, Nereu Ramos, Três Rios do Norte, Rio Molha, Jaraguá Esquerdo, Vila Nova e Centro.

 

 

Pessoas foram abrigadas no Parque Municipal de Eventos, outras deslocadas para a casa de parentes e amigos. Ao todo, também foram registrados 50 deslizamentos e a cidade ficou horas sem água potável.

 

 

2022

Em novembro, Jaraguá do Sul foi surpreendida pelo volume de chuvas acima da média esperada para o período. Em apenas 72 horas, entre os dias 26 e 28, o acumulado ficou em 250 milímetros. O rio Itapocu atingiu 4,20 metros e o rio Jaraguá 5,20 metros. Apesar dos números elevados, segundo a Defesa Civil, foram registradas apenas 21 ocorrências, todas de menor gravidade. Foram registradas: 7 quedas de árvores (Ilha da Figueira, Jaraguá Esquerdo, Jaraguá 84, Jaraguá 99, Morro da Antena, Molha); 5 escorregamentos de terra (Jaraguá 84, Jaraguá 99, Nereu Ramos, Rio Cerro, Rio da Luz, Santa Luzia); 1 patologia em muro (Jaraguá 99); 1 infiltração na edificação: (Czerniewicz); duas quedas de muros (João Pessoa, Nereu, Rau); vários pontos de alagamentos (Ilha da Figueira, Rio da Luz, Vila Machado); 3 desabamentos de edificação: (Morro Boa Vista); e duas patologias em edificações: (Morro Boa Vista). Em todo o ano, foram registrados 339,3 mm de chuva a mais que o esperado.

 

 

2023

Os primeiros dias de outubro de 2023 foram de chuvas severas em Jaraguá do Sul, com fenômeno acompanhado de perto pela Defesa Civil. Até a manhã do dia 5 de outubro, tinham sido registrados 127 mm de chuva, com 28 ocorrências. O Parque Linear Via Verde, mais uma vez, cumpriu seu papel como área de depósito das águas do transbordo do rio Itapocu, evitando que a cheia causasse estragos em outros pontos da cidade. Ao todo, foram registradas 28 ocorrências, sendo 14 alagamentos, uma queda de árvore, cinco escorregamentos de terra, quatro riscos de escorregamentos de terra, duas quedas de muro, uma erosão na via e um entulho próximo de galeria. O rio Itapocu chegou a 5,10 m; o rio Jaraguá a 2,95; e o rio Itapocuzinho a 3,51 m.

 

 

2024

No último domingo de janeiro de 2024, as ruas viraram riachos em Jaraguá do Sul. Pessoas perderam bens e viveram momentos de pânico. As chuvas ficaram concentradas em alguns bairros da cidade e fizeram morros virem abaixo. Em apenas 20 minutos choveu o equivalente a 60 milímetros. Na Ponte do Curtume, o nível do rio Jaraguá chegou aos três metros. Como medida de segurança, 20 pessoas foram orientadas a não pernoitarem nas residências, e ficaram abrigadas em casas de parentes e vizinhos. Três casas foram interditadas devido aos estragos.

 

Ao final, a Defesa Civil registrou 80 ocorrências, com 82 ruas afetadas por alagamentos, nos bairros Barra do Rio Cerro, Barra do Rio molha, Jaraguá Esquerdo, São Luis, Rio Molha, Chico de Paulo; escorregamentos de terras, Bairro Parque Malwee, Jaraguá Esquerdo, São Luis; quedas de muros nos bairros Barra do Rio Molha e Jaraguá Esquerdo; erosões em vias públicas, Rio Molha e Barra do Rio Molha; quedas de árvores na Barra do Rio Molha; entupimentos de drenagens, patologias em pontes e quedas de pontes. Os prejuízos foram estimados em R$ 20 milhões.

 

 

O fenômeno registrado em janeiro de 2024 é chamado enxurrada, diferente de enchentes e de alagamentos. Segundo a tabela de Classificação e Codificação Brasileira de Desastres, uma enxurrada provoca o “escoamento superficial de alta velocidade e energia, provocado por chuvas intensas e concentradas, normalmente em pequenas bacias de relevo acidentado. Caracterizada pela elevação súbita das vazões de determinada drenagem e transbordamento brusco da calha fluvial, com grande poder destrutivo.”

 

A Prefeitura fez levantamentos e estudos e inclui os dados no mapeamento da Defesa Civil Nacional, que já classifica Jaraguá do Sul como cidade de alto risco para fenômenos do tipo.

 

 

CONFIRA TODAS AS MATÉRIAS DO ESPECIAL: 

 

Leia Também>>> Especial Jaraguá do Sul 148 anos A força que vem da prevenção

 

Leia Também>>>Nascemos e crescemos a partir dos rios Itapocu e Jaraguá 

 

Leia Também>>>Uma geografia que requer atenção constante

 

Leia Também>>> Prevenção foi uma das marcas da administração

 

Leia também >>> Principais enchentes de que se tem notícias

 

Leia também >>>> Jaraguá do Sul 148 anos – Prevenção que salva vidas

 

Leita Também Parque Linear Via Verde é uma iniciativa de prevenção

 

Leia >>>>>>>>> Outras obras de prevenção se destacam

 

Leia>>>> Mutirões de limpeza 

 

Leia Também>>> Recuperação da Mata Ciliar – Respeito aos rios e suas

 

Confira>>>> Vem mais investimentos por aí 

 

Quer saber das notícias de Jaraguá do Sul e Região primeiro? Participe do nosso grupo de WhatsApp ou Telegram!

Siga nosso canal no youtube também @JDVonline

Por

Editora, analista SEO e responsável pelo conteúdo que escreve. Atenta aos conteúdos mais pesquisados do país.

Notícias relacionadas

x