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Paralimpíadas: Yeltsin Jacques bate recorde mundial e é bicampeão dos 1.500m

Bruna Alexandre é bronze no tênis de mesa e chega à sua sexta medalha; Mariana Gesteira e Mayara Petzold conquistam 3º lugar também

03/09/2024

Paralimpíadas: Yeltsin Jacques bate recorde mundial e é bicampeão dos 1.500m

Foto: Reuters/Stephanie Lecocq

 

Fonte: GE

Yeltsin Jacques voltou ao topo do pódio dos 1.500m T11 das Paralimpíadas de Paris, em 2024. Nesta terça-feira (3), o sul-mato-grossense de 32 anos quebrou o próprio recorde mundial da prova e puxou uma nova dobradinha com Júlio Cesar Agripino dos Santos, bronze na classe para pessoas com deficiência visual total. Nos 5.000m T11, Julio quem foi campeão com recorde mundial e Yeltsin bronze. “Na semifinal já mostramos para o que viemos, foi uma prova fantástica, repetindo o feito de Tóquio. Ganhar de novo com recorde mundial, estou muito feliz com todo o trabalho. Tive uma lesão, me recuperei, depois sofri com uma virose que acabou atrapalhando nos 5.000m, mas as expectativas eram as melhores possíveis. Nos 1.500m, eu acreditava que conseguia até um pouquinho mais forte. Fiquei muito feliz do Julio estar aqui e conquistar essa medalha também, o Brasil tem se tornado uma potência. A gente vai ser inspiração para as próximas gerações”, afirmou Yeltsin. Assim como nos Jogos de Tóquio, Yeltsin dominou a prova e bateu o recorde mundial.

 

No Japão, ele completou os 1.500m em 3m57s60. Em Paris, correu para 3m55s82 com o guia Guilherme Santos, o etíope Yitayal Silesh Yigzaw ficou com a prata (4m03s21) e Julio Cesar completou o pódio com o guia Micael dos Santos (4m04s03). Na final, Julio puxou o pelotão na primeira volta. O equatoriano Jimmy Caicedo tentou escapar na segunda volta, mas logo no início da terceira volta foi Yeltsin quem disparou e não largou mais a liderança, só abriu vantagem em busca do recorde mundial, deixando a briga pelo segundo lugar. Julio ficou na segunda posição até a metade da última volta, quando foi ultrapassado pelo etíope, mas segurou o ataque do japonês Kenya Karasawa na reta final para assegurar o bronze. “Foi uma prova dura, dei o meu melhor, saio feliz, de cabeça erguida, com duas medalhas paralímpicas. Parabéns ao Yeltsin, fiquei muito feliz pelo recorde mundial dele e pela nossa dobradinha. Somos uma potência nessas provas, isso mostra o poder da nossa seleção, estamos muito felizes”, declarou Julio.

 

Yeltsin nasceu com baixa visão, ele iniciou no atletismo para ajudar um amigo totalmente cego a correr e começou a competir nas Paralimpíadas Escolares de 2007. Nos Jogos de Tóquio, foi campeão tanto nos 1.500m como nos 5.000m T11. Com as duas medalhas de Paris, chegou a quatro pódios em Paralimpíadas. Tem também cinco medalhas em mundiais, incluindo dois ouros. Julio Cesar Agripino, por sua vez, foi diagnosticado com ceratocone, uma doença degenerativa na córnea, aos sete anos, ele era atleta convencional do atletismo e migrou para a equipe paralímpica por meio dos treinadores do Centro Olímpico. Desde então, ele disputa na classe T11, categoria dos atletas com deficiência visual. Na lista de conquistas do brasileiro, também estão o ouro nos 1.500m e prata nos 5.000m no Mundial de Kobe, em 2024. Além do ouro nos 1.500m e bronze nos 5.000m, nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023.

 

Outra paratleta

Raissa Machado conquistou mais uma medalha para o Brasil no atletismo, nesta terça-feira (3). A brasileira foi prata no lançamento de dardo F56, classe destinada a atletas que competem sentados, ao lançar em uma distância de 23m51. Raissa conseguiu a marca logo na primeira tentativa, disputando o pódio desde o início da competição. A brasileira queimou a segunda chance, mas conseguiu 21m76, 22m39, 21m91 e 23m07 nos outros lançamentos. O ouro foi para Diana Krumina, da Letônia, que fez 24m99. A chinesa Lin Sitong, com 22m35, ficou com o bronze. “Estou muito feliz, tem dias e dias de atletas, tem dias que a gente não está muito bem. Eu acordei muito bem, mas meu corpo não respondeu como eu gostaria, agora é pensar em 2028 e ter foco no ouro. Hoje dei meu máximo e o melhor foi a prata no momento e estou feliz, acordei sabendo que uma medalha seria minha, independentemente da cor”, comentou Raissa após a prova. Essa é a segunda medalha de Raissa em Jogos Paralímpicos, em Tóquio 2020 ela também foi prata na mesma prova.

 

Tênis de Mesa

Paralimpíadas: Yeltsin Jacques bate recorde mundial e é bicampeão dos 1.500m

Foto: Douglas Magno/CPB

 

Bruna Alexandre conquistou sua sexta medalha paralímpica na carreira na manhã desta terça-feira (3), primeira atleta brasileira a disputar Olimpíadas e Paralimpíadas, ela ganhou o bronze ao perder a semifinal do individual feminino da classe 10 para a australiana Qian Yang por 3 sets a 2, parciais de 6/11, 11/3, 9/11, 11/9 e 11/3. Como não há disputa de bronze no tênis de mesa paralímpico, Bruninha garantiu mais uma medalha para sua coleção, que já contava com a prata individual e o bronze em duplas femininas em Tóquio 2020 e os bronzes individual e por equipes no Rio em 2016 e nas duplas femininas em Paris de 2024. A partida foi uma reedição da final de Tóquio 2020, quando Bruna foi superada por Qian Yang e ficou com a medalha de prata. As duas também se enfrentaram na semifinal de duplas femininas em Paris, no dia 31 de agosto, quando Bruna e Danielle Rauen perderam por 3 sets a 0 e ficaram com a medalha de bronze. Ao lado de Li Na Lei, Qian Yang avançou a final e conquistou o ouro. Bruna começou a partida com muita segurança e impôs um placar de 11 a 6 no primeiro set. No segundo, no entanto, a brasileira não encontrou seu melhor jogo e perdeu por 11 a 3.

 

Ainda assim, protagonizou o momento mais emocionante da partida, quando venceu o ponto no rali mais longo da manhã, que elas trocaram bola 21 vezes. Os dois sets seguintes foram disputados ponto a ponto pelas duas mesatenistas e Bruna levou a vantagem no terceiro, vencendo por 11 a 9, e Yang devolveu o placar no quarto. A decisão ficou para o quinto set, no qual Yang entrou com muito mais consistência, abrindo distância da brasileira desde o início, até fechar em 11 a 3. Bruna precisou passar por uma cirurgia para amputação do braço direito aos seis meses de idade, por causa de uma trombose provocada por uma injeção mal aplicada. Ela começou no tênis de mesa aos 12 anos, influenciada pelo irmão, e até os 14, competiu em torneios apenas para atletas sem deficiência. Em 2009, então, passou a competir também em eventos paralímpicos. Além das medalhas em Paralimpíadas, é dona de um ouro nas duplas e do bronze no individual no Mundial da Espanha 2022 e de dois bronzes, no individual e por equipes, no Mundial da China 2014.

 

Natação

No sexto dia de competições dos Jogos Paralímpicos, o Brasil manteve a escrita e foi ao pódio nesta terça-feira (3) na piscina La Defense Arena, em Paris. Mariana Gesteira conquistou a medalha de bronze nos 100m costas da classe S9, enquanto Mayara Petzold foi terceira colocada nos 50m borboleta da classe S6. Nos 100m costas, a americana Christie Raleigh bateu o recorde paralímpico com o tempo de 1min07s91, seguida da espanhola Nuria Soto com 1min09s24. Mariana Gesteira ficou três centésimos atrás, com 1min09s27, e conquistou o bronze. Na prova, Mariana largou bem, chegou a liderar a primeira metade, mas logo depois da virada para os últimos cinquenta metros, a americana acelerou e ultrapassou. Nas últimas braçadas, a briga era pela prata com a espanhola Nuria Soto. Na batida na borda, a espanhola ficou na frente e fechou em segundo, com Mariana em terceiro. Mariana nasceu com Síndrome de Arnold-Chiari, uma má-formação do sistema nervoso central que afeta a coordenação e equilíbrio. Chegou a entrar na natação com 14 anos, mas teve que sair depois de crises de desmaio.

 

Voltou em 2013 e tem um currículo recheado de medalhas, foi bronze nas Paralimpíadas de Tóquio nos 100m livre da classe S9. Nos 50m borboleta, Mayara terminou a prova com 37s51. Ouro e prata ficaram com a China, com Yuyan Jiang (35s03) e Doamin Liu(37s10). Mayara fez uma prova de recuperação, depois de ficar um pouco atrás na largada. Nos últimos metros, conseguiu deixar para trás Anna Hontar, ucraniana que fechou em quarto lugar. “Meu objetivo era só nadar bem, fazer melhor do que de manhã, a medalha é só uma consequência. Eu não luto para ganhar uma medalha, eu luto para ser melhor do que da última vez. Família, essa é pra você. É pra minha família, que sempre me apoiou”, destacou Mayara, com sorriso no rosto. Mayara, hoje com 22 anos, nasceu com uma deficiência similar a nanismo, ou seja, baixa estatura. Começou a praticar natação aos quatro anos de idade e, aos 13, passou a competir no esporte paralímpico. Com as medalhas de Mariana e Mayara, a natação brasileira chega a 16 medalhas em Paris, cinco ouros, três pratas e oito bronzes. Os destaques são Gabriel Araujo, três ouros na classe S2, e Carol Santiago, que já conquistou dois títulos.

 

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Foto: Staff Images/CBF

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Por

Sou Felipe Junior, jornalista formado, na Universidade Regional de Blumenau (Furb), pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Multimídias, na Anhembi Morumbi, em São Paulo.

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