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Ossos de preguiça gigante provam que humanos chegaram no Brasil há 25 mil anos
Novo estudo feito em ossos de preguiça gigante encontrados em Santa Elina, no Mato Grosso, mostra que humanos habitaram América do Sul há pelo menos 25 mil anos
17/07/2023
O abrigo de Santa Elina, no Mato Grosso, proporcionou uma descoberta arqueológica muito importante — no local, foram encontrados ossos trabalhados de preguiças gigantes que só podem ter sido obra de seres humanos, puxando a chegada dos Homo sapiens no Brasil e na América do Sul para 25.000 anos atrás, muito antes do que se pensava.
A descoberta incluiu 3 osteodermos, acúmulos ósseos que fazem um tipo de armadura protetora sobre a pele de animais como os tatus, achados próximos a ferramentas de pedra. Cada osteodermo ostenta pequenos buracos que só humanos poderiam ter feito, de acordo com análises de especialistas.
O abrigo de Santa Elina e as preguiças gigantes
Localizado na Serra das Araras, o abrigo de Santa Elina tem sido estudado por arqueólogos desde 1985. Em 2017, uma pesquisa já havia mostrado a existência de mais de 1.000 figuras e sinais desenhados nas paredes do local, além de centenas de ferramentas de pedra e osteodermos de preguiças gigantes, com 3 deles já sendo os que indicavam a atividade humana.
A novidade do estudo mais recente, publicado na última quarta-feira (12) no periódico científico Proceedings of the Royal Society Biological Sciences, é o nível de detalhe observado nas peças, mostrando definitivamente que é extremamente improvável os buracos terem sido feitos por uma espécie que não seja o Homo sapiens.
Isso coloca a ocupação humana na região como tendo acontecido pela primeira vez entre 25.000 e 27.000 anos atrás, se juntando a evidências crescentes, embora controversas, de que habitamos o continente há mais tempo do que se pensava. Outra evidência são artefatos encontrados na Toca da Tira Peia, no Piauí, datando de 22.000 anos atrás.
Análises microscópicas e macroscópicas feitas nos osteodermos mostram que tanto a parte exterior quanto os buracos foram polidos, bem como revelam traços de incisões e raspagens feitas com ferramentas de pedra. Mordidas de animais levaram à exclusão da possibilidade de que os buracos houvessem sido feitos por roedores. É provável que os objetos tenham servido como ornamentos pessoais, como parte de pingentes, por exemplo.
O que denuncia a idade dos artefatos é a camada geológica sobre a qual estavam depositados. Com isso, poderemos consolidar, no futuro, a hipótese de que os humanos chegaram às Américas durante o Último Máximo Glacial, a parte mais fria da última Era do Gelo. Há, no entanto, muitos sítios arqueológicos a serem estudados na América do Sul, então o debate acerca do tema está longe de ser finalizado.
Conteúdo postado por TERRA
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