Estudante da 5ª fase de Design, curiosa por natureza e apaixonada pelo que faz.
Nobel de Medicina premia responsáveis pela tecnologia da vacina da covid-19
Bioquímica húngara Katalin Karikó e o imunologista americano Drew Weissman foram laureados; imunizantes de RNA, desenvolvidos em tempo recorde, foram chave na vitória contra a pandemia
02/10/2023
O Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina deste ano foi para os responsáveis por criar a tecnologia da vacina de mRNA: a bioquímica húngara Katalin Karikó e o imunologista americano Drew Weissman. As descobertas da dupla, fruto da pesquisa em ciência básica, levaram ao desenvolvimento em tempo de recorde de imunizantes contra a covid-19 em 2020, menos de um ano após o surgimento do novo coronavírus. Essa foi a principal arma da humanidade para frear a maior pandemia do último século, com quase 7 milhões de vítimas (700 mil delas no Brasil).
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The 2023 #NobelPrize in Physiology or Medicine has been awarded to Katalin Karikó and Drew Weissman for their discoveries concerning nucleoside base modifications that enabled the development of effective mRNA vaccines against COVID-19. pic.twitter.com/Y62uJDlNMj— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 2, 2023
O anúncio dos vencedores foi feito nesta segunda-feira, 2, na Suécia. Além da medalha e do diploma, os laureados levam para casa uma quantia substancial em dinheiro, 11 milhões de coroas suecas (em torno de R$ 4,8 milhões). O prêmio de Medicina vem sendo entregue desde 1901, quando a premiação teve início, seguindo as diretrizes deixadas postumamente no testamento do químico e inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896).
O mRNA é um material genético sintetizado em laboratório que tem a função de “levar instruções” para as células agirem. No caso da vacina contra a covid-19, ele induz as células a produzirem uma proteína do vírus que será reconhecida pelo sistema imunológico como uma ameaça, o que levará à produção de anticorpos.
A dupla de pesquisadores descobriu que essa técnica pode ser usada para bloquear a ativação das reações inflamatórias e aumentar a produção de proteínas quando o mRNA é distribuído para as células. Eles publicaram os resultados da investigação em 2005, mas receberam atenção tímida da comunidade científica.
Inicialmente, havia obstáculos para o uso clínico da tecnologia, uma vez que o mRNA produzido in vitro era instável e aumentava as reações inflamatórias. Ao longo dos anos, porém, os dois pesquisadores (que se conheceram na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos) conseguiram fazer fabricar vários tipos de mRNA e praticamente eliminar essa resposta inflamatória.
Só a partir de 2010, duas biotechs fundadas, uma alemã e outra americana, resolveram apostar na tecnologia. BioNTech e Moderna (você deve se lembrar desses nomes por causa da pandemia), justamente as primeiras empresas a apresentarem resultados extraordinários de eficácia de uma vacina anticovid (95% e 94%, respectivamente).
Em 2013, Katalin foi convidada a trabalhar na BioNTech, que testava a tecnologia de RNA em tratamentos contra o câncer. Com a crise sanitária em 2020, a húngara, já no cargo de vice-presidente da empresa, participou do desenvolvimento da vacina feita em parceria com a Pfizer.
Até então, não havia nenhum imunizante registrado no mundo usando a tecnologia do RNA. A rapidez no desenvolvimento e alto índice de eficácia dos novos produtos surpreenderam a sociedade acadêmica. A expectativa é de que, no futuro, a vacina sirva para outras doenças, como vários tipos de câncer.
Katalin Karikó é 13ª mulher a ganhar o prêmio
Em mais de um século de premiação, só 12 mulheres foram agraciadas com o Nobel de Medicina antes de Katalin Karikó. A primeira delas foi apenas em 1947, a americana Gerty Cori, que dividiu a honraria com dois homens. Um deles era seu marido, Carl Ferdinand Cori, com quem desenvolveu pesquisas essenciais para a melhor compreensão da diabetes.
A única mulher a conquistar a láurea sem compartilhá-la com outros cientistas nesta categoria foi Barbara McClintock, em 1983, por suas descobertas sobre os chamados “genes saltadores”, que transitam no genoma e são capazes de se mover e se replicar em segmentos do DNA.
Em 1951, o Prêmio Nobel de Medicina também exaltou o desenvolvimento de outra vacina: contra a febre amarela. O ganhador foi o microbiologista sul-africano Max Theiler.
Geneticista ganhou em 2022
No ano passado, o grande vencedor foi o geneticista sueco Svante Paabo, responsável pelo sequenciamento do DNA dos Neandertais – uma espécie extinta de hominídeos. Paabo também foi o responsável pela descoberta de uma nova espécie de hominídeo, os Denisovan. E, o mais importante: o geneticista demonstrou como esses hominídeos atualmente extintos se relacionaram com o Homo sapiens há 70 mil anos, quando nossos antepassados começaram a deixar a África para conquistar o restante do planeta, nos legando parte de seu código genético.
Em 2021, o Nobel de Medicina foi para David Julius e Ardem Patapoutian “pela descoberta dos receptores de temperatura e tato”. No ano anterior, Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M.Rice foram os laureados por conta da descoberta do vírus da hepatite C. William G Kaelin, Peter J. Ratcliffe e Gregg L. Semenza foram premiados em 2019 “por terem descoberto como as células se adaptam à disponibilidade de oxigênio”.
Fonte: TERRA
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