Jaraguá do Sul

Nascemos e crescemos a partir dos rios Itapocu e Jaraguá

Historicamente, o Vale do Itapocu foi colonizado a partir das margens, pois nos rios buscava-se água para sobreviver e para se deslocar

25/07/2024

Os municípios foram se desenvolvendo ao longo dos rios e subindo os morros. Jaraguá foi oficialmente fundada em 25 de julho de 1876, data escolhida pela impossibilidade de precisar o dia exato em que o engenheiro e Coronel Emilio Carlos Jourdan se estabeleceu na Colônia Jaraguá.

 

No dia 11 de janeiro de 1876, Jourdan arrendou por 15 anos uma área equivalente a 430 hectares, que integravam o dote de Princesa Isabel, com a promessa de vender dois mil hectares das torras dotais, entre os vales dos rios Itapocu e Negro. O contrato de arrendamento também estabeleceu regras e prazos para o povoamento e a extração de madeira, erva-mate e minérios.

 

 

Dizem os historiadores que Jourdan chegou a Jaraguá em 15 de abril de 1876, para iniciar o povoamento. Veio do Rio de Janeiro. Chegou ao Porto de São Francisco do Sul e foi transportado pelo canoeiro Calixto Domingos Borges até as terras arrendadas, localizadas ao norte da Colônia Dona Francisca, entre a barra do rio Jaraguá, a leste; e uma das suas margens, ao sul; e à margem do rio Itapocu, ao norte.

 

Chegou acompanhado de 60 trabalhadores, sendo 54 negros e 6 brancos. Construiu a própria casa, instalou-se na sede da colônia e começou a alocar as primeiras famílias.

 

No primeiro ano, Jourdan montou uma usina açucareira, com capacidade para produzir 2400 litros de aguardente; uma serraria a vapor; olaria e engenho de fubá e mandioca; tornou o rio Itapocu navegável, para se comunicar com o Porto de São Francisco do Sul; abriu mais de 30 quilômetros de estradas, iniciando a ligação com Rio Negro; e instalou 211 pessoas na sede da Colônia. Formou o Estabelecimento Jaraguá.

 

Em 17 de abril de 1883, a Colônia Jaraguá foi anexada ao município de Joinville, por Theodoreto Carlos de Farias Souto. Até então, pertencia ao município de Paraty (atual cidade de Araquari), e, por Jourdan, assim deveria ter permanecido. Desgostoso da decisão, deixou Jaraguá no dia 6 de junho de 1888, acompanhado por diversas famílias. Em 1893, os empreendimentos construídos por ele foram depredados.

 

Pouco depois de Jourdan deixar a Colônia, a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, mudou a história da região. Todos os contratos celebrados previamente por Princesa Isabel, entre eles aquele com Emilio Carlos Jourdan, foram revogados. Em 1890, as terras dotais, localizadas entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, voltaram ao domínio da União, por meio do Decreto 1050, de 21 de novembro. Em 1893, foram repassadas ao estado, com a criação do Departamento de Terras e Colonização, sediado em Blumenau.

 

A partir daí, começou, de fato, a colonização de Jaraguá, a partir da margem direita do rio Jaraguá. Os primeiros imigrantes, húngaros, estabeleceram-se na região do rio Garibaldi (Garibaldi e Jaraguá Alto), enquanto os imigrantes alemães e italianos colonizaram às margens dos rios Da Luz e Cerro, respectivamente.

 

Entre 1888 e 1893, Emílio Carlos Jourdan andou ocupado com a guerra. Ou melhor, com as guerras. Lutou na Primeira Revolta Armada (1891) e na Revolução Federalista (1893 a 1895), ambas ao lado de Marechal Floriano Peixoto. O bom desempenho como soldado o fez recuperar o prestígio junto ao Governo Central. Assim, requereu ao então governador de Santa Catarina, Hercílio Luz, o direito de comprar 10 mil hectares de terras na região do Vale do Itapocu, para retomar o projeto de colonização que interrompera em 1888.

 

Em 1895, Joinville criou a Intendência Distrital, nomeando Maximiliano (Max) Schubert como primeiro intendente. E no ano seguinte, no dia 4 de fevereiro de 1896, Jourdan teve a escritura de suas terras publicada. No documento, previa a alocação de 250 famílias imigrantes em três anos. Na mesma oportunidade, reivindicou ao governo do estado a construção de uma estrada de ferro que ligasse o Vale do Itapocu ao Porto de São Francisco do Sul, o que se tornaria realidade anos depois.

 

Jourdan fundou a Colonizadora Jourdan & Vieira e se tornou responsável pela colonização da região. Contudo, seus planos foram novamente afetados pelas desavenças com a Cia Hamburguesa de Colonização. Uma celeuma antiga, de 1876, que agora voltavam com força e o fazia ceder parte das terras localizadas próximas ao rio Dona Isabel (atual Corupá).

 

No dia 18 de março de 1896, Jourdan voltou ao governo do estado e requereu o retorno de Jaraguá ao município de Paraty (Araquari), fato consumado pela Lei 236, de 6 de outubro de 1896. A novidade não agradou aos demais senhores distritais e fez surgirem movimentos emancipatórios.

 

Foi um tumultuado ano de 1897. A primeira tentativa de emancipação foi liderada por Georg Czerniewicz e Roberto Buehler. Eles desejavam formar um novo município, que chamariam de Glória, unindo Jaraguá a Barra Velha. A segunda, que teve à frente nomes como Vitor Rosenberg, João Butschardt, José Koch e outros 237 moradores, pedia que Jaraguá voltasse a pertencer a Joinville. De fato, foi o que aconteceu no dia 22 de julho de 1898. Como efeito, Jourdan desistiu de vez dos seus planos. Vendeu sua concessão à Pecker & Cia e retornou ao Rio de Janeiro, onde faleceu em 8 de agosto de 1900.

 

Sob gestão da Pecker & Cia, administrada por Domingos Rodrigues da Nova Júnior, a Colônia se desenvolveu rapidamente. Às margens do rio Jaraguá, centenas de agricultores foram assentados. Nas cabeceiras, estradas foram abertas. Pouco a pouco, estradas foram melhoradas e pontes construídas sobre rios menores. Do outro lado da cidade, o rio Itapocu se tornava a principal comunicação com o exterior. Navegável, era atravessado com o auxílio de uma pequena balsa, em frente ao Porto Czerniewicz, onde ficava o Comércio de Georg Czerniewicz.

 

A estrada de ferro começou a ser construída em 1907 e entrou em funcionamento em 1910. A partir daí, Jaraguá avançou e se tornou uma vila economicamente ativa.

 

A primeira ponte sobre o rio Jaraguá foi construída em 1908, junto ao comércio de Martin Stahl. No ano seguinte, o rio Itapocu recebeu sua primeira travessia. Uma ponte de madeira, baixa, cerca de um metro acima das águas, construída em 1909. Foi a primeira ponte Abdon Batista.
Em 1912, Jaraguá tinha cerca de 8 mil habitantes. Em 1920, a população havia crescido para 11026.

 

Jaraguá foi emancipada pelo Decreto nº 565, de 26 de março de 1934, assinado pelo Interventor Federal Aristiliano Ramos. A solenidade de instalação ocorreu no dia 8 de abril. O Intendente José Bauer foi nomeado primeiro prefeito. O distrito de Hansa-Humboldt integrava o município de Jaraguá. Foi emancipado em 25 de julho de 1958, com o nome Corupá.

 

Jaraguá se tornou “do Sul” apenas 31 de dezembro de 1943, pelo Decreto-Lei Estadual nº 941, com a expressão anexada à denominação oficial para diferenciar da cidade de Jaraguá, localizada no estado de Goiás.

 

Nas décadas que se sucederam, Jaraguá do Sul trilhou um caminho de prosperidade e desenvolvimento que a trouxe até os dias atuais. Neste dia 25 de julho, a cidade completa 148 anos com uma população estimada em 183 mil habitantes (IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2023), destacada como a sétima economia de Santa Catarina, com PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 12,1 bilhões em 2021.

 

Resultado econômico que reflete uma robusta atividade industrial, com alta capacidade de geração de emprego e renda. Segundo IBGE (2022), por exemplo, em Jaraguá do Sul o salário médio mensal dos trabalhadores formais é de 3,3 salários-mínimos, superior à média nacional. A indústria é responsável por 37% do PIB, seguida de pertinho pelo setor de Serviços, que em 2021 respondeu por 36% das riquezas geradas.

Especial Jaraguá do Sul 148 anos

Ao todo, Jaraguá do Sul possui mais de mil indústrias de pequeno, médio e grande porte, a maioria dos setores de metalmecânica, malhas e confecções, móveis, gêneros alimentícios, além de componentes eletrônicos e de informática. É berço de empresas mundialmente reconhecidas, como a WEG, uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, fundada em 1961; a Malwee, fundada em 1968; e a quase centenária Duas Rodas Industrial, referência na produção de essências e aromas, fundada em 1925.

 

Nacionalmente, Jaraguá do Sul ainda é reconhecida pela excelente qualidade de vida e como a cidade mais segura do país, segundo Anuário Cidades Mais Seguras do Brasil de 2023. O documento utiliza dados do Painel de Monitoramento de Mortalidade, do Ministério da Saúde e do IBGE e considera a taxa de óbitos violentos para cada 100 mil habitantes. Em Jaraguá do Sul, essa taxa é de 2,3.

 

Todas essas características tornam Jaraguá do Sul referência em desenvolvimento econômico e social, e criam um círculo virtuoso que retroalimenta e oferece um ambiente cada vez mais favorável para novos negócios e inovação, e destacam a cidade entre os municípios catarinenses, contribuindo significativamente para a economia estadual e nacional. De fato, a trajetória de Jaraguá do Sul é exemplo de desenvolvimento, mas, acima de tudo, da capacidade da sociedade local de se adaptar e lidar com um dos principais desafios da humanidade: a força das águas.

 

“Jaraguá do Sul cresce, pela força empreendedora de seus habitantes, que nunca esquecem suas raízes, que valorizam o que foi construído pelos antecessores e perpetuam seus ensinamentos.”

 

A frase acima encerra a história de Jaraguá do Sul, descrita no site da Prefeitura Municipal, que utilizamos para trazer esse breve, porém valioso contexto sobre os primeiros anos da cidade. Os antepassados construíram as riquezas perpetuadas hoje, é certo, mas além disso, ensinaram como proteger essa mesma riqueza.

 

Jaraguá é uma palavra em tupi-guarani que significa Senhor do Vale. De fato, Jaraguá do Sul é um vale cortado por rios caudalosos, emoldurada por uma cadeia de montanhas de Mata Atlântida preservada, cujo destaque é o Morro Boa Vista, um dos pontos mais exuberantes da cidade, localizado a 923 metros de altura.

 

Os rios que trouxeram os primeiros colonizadores até aqui são os mesmos que, década a década, afligiram a população local, instalada predominantemente às margens dos leitos, cada vez que chuvas volumosas os faziam avançar suas calhas, arrasando plantações, residências e indústrias.

 

 

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