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‘Trilha do papel higiênico’: Monte Everest está se tornando o lixão a céu aberto mais alto do mundo, alertam especialistas

Cientistas e pesquisadores estão emitindo alertas sobre o estado do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, que está se transformando em um vasto depósito de lixo ao ar livre, alcançando altitudes sem precedentes

27/02/2024

Gerenciar todo o resíduo gerado pelos seres humanos já é um desafio significativo ao nível do mar; agora, considere enfrentá-lo a 8.848 metros de altura. Cientistas e pesquisadores estão emitindo alertas sobre o estado do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, que está se transformando em um vasto depósito de lixo ao ar livre, alcançando altitudes sem precedentes.

 

O problema está se agravando a tal ponto que até mesmo os aventureiros agora são obrigados a levar suas próprias fezes de volta ao acampamento base.

 

 

Com o aumento exponencial do número de turistas dispostos a enfrentar o desafio — o qual viu sua quantidade dobrar anualmente entre 2014 e 2017 — especialistas estimam que aproximadamente 50 toneladas de detritos estão sendo deixadas para trás na montanha, enquanto o acampamento base do Everest gera cerca de 75 toneladas de lixo a cada temporada. De acordo com o periódico britânico Daily Mail, entre 900 e 1.000 toneladas de resíduos sólidos são trazidas para o parque por turistas estrangeiros anualmente.

 

 

Entretanto, o problema não é recente: em 1991, o Comitê de Controle da Poluição de Sagarmatha (SPCC) foi estabelecido na tentativa de mitigar os níveis de resíduos. Esse órgão supervisiona a coleta de lixo no acampamento base do Everest e nas trilhas do parque nacional. Uma das novas regulamentações exige que os escaladores que ultrapassam o acampamento base retornem com pelo menos 8 kg de lixo, sob pena de multa, que pode ultrapassar os R$ 20 mil.

 

 

Lixo deixado para trás na maior montanha do mundo — Foto: Reprodução
Lixo deixado para trás na maior montanha do mundo — Foto: Reprodução

De acordo com o Dr. Alton Byers, um geólogo e montanhista da Universidade do Colorado em Boulder, entrevistado pelo jornal, a trilha até o acampamento base do Everest já foi apelidada de “caminho do papel higiênico” devido à quantidade de lixo e excrementos humanos deixados para trás.

 

Um artigo publicado em 2020 revelou que aproximadamente 50 toneladas de resíduos sólidos foram deixadas no Everest ao longo dos últimos 60 anos. Além disso, em 2022, o Exército do Nepal relatou ter retirado cerca de 34 toneladas de resíduos do Everest e das montanhas circundantes, em comparação com 27,6 toneladas em 2021.

 

Tenzi Sherpa, um guia sherpa que estava escalando a montanha, compartilhou um vídeo do Acampamento Quatro, descrevendo-o como “o acampamento mais sujo que já vi”. Em sua postagem, Tenzi Sherpa observou: “vemos muitas barracas, garrafas de oxigênio vazias, tigelas de aço, colheres e absorventes higiênicos”.

 

Outra preocupação significativa são os excrementos humanos que os alpinistas inevitavelmente deixam para trás na montanha. Embora não haja dados oficiais sobre a quantidade de fezes presente na montanha, o SPCC estima que pode variar entre uma e três toneladas entre o acampamento 1 e o acampamento 4. Devido às baixas temperaturas que podem chegar a -60°C, os resíduos não se degradam completamente, deixando as fezes humanas visíveis nas rochas.

 

Lixo no Mont Everest — Foto: Reprodução Instagram/ Ten G Sherpa
Lixo no Mont Everest — Foto: Reprodução Instagram/ Ten G Sherpa

A medida mais recente que obriga os alpinistas a retornarem com suas fezes foi tomada porque especialistas afirmam que a montanha começou a “cheirar mal”. As pessoas que decidirem subir o Everest ou escalar o vizinho Monte Lhotse devem levar ou encomendar pequenos sacos de cocô no acampamento base para recolher os seus resíduos. E eles serão “verificados” pelos funcionários ao regressar.

Segundo uma reportagem feita pela BBC, os produtos químicos contidos nos sacos não só solidificam os resíduos, mas também os tornam em grande parte inodoros. Cada sacola pode ser usada de cinco a seis vezes, o que significa que a maioria dos escaladores só precisa levar duas consigo durante a expedição.

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Por

Estudante da 5ª fase de Design, curiosa por natureza e apaixonada pelo que faz.

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