João Alberto
Por Sônia Pillon
É difícil de acreditar, mas há quem afirme que não existe racismo no Brasil. A morte brutal de João Alberto, às vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra, prova exatamente o contrário. Mais do que isso, a barbárie cometida pelos dois seguranças do supermercado Carrefour escancara a hipocrisia de uma sociedade discriminatória, em que o racismo é velado, mascarado. Infelizmente, a cultura escravagista ainda está enraizada em determinados segmentos sociais.
E quando um assassinato covarde como esse é cometido contra um negro da periferia de Porto Alegre, sem chance de defesa, cai por terra a afirmação de que o Brasil é miscigenado e por aqui impera a harmonia entre as raças. Pura balela! Ainda há muito a ser feito para combater o racismo estrutural nesse país.
A tristeza de assistir uma crueldade dessas é ainda maior para mim por ter acontecido na cidade onde nasci e aprendi, desde pequena, a respeitar as pessoas pelo caráter, e não pela cor da pele. Tanto que levei essa lição para a vida. Aqui em Jaraguá do Sul, vi nascer o Movimentos da Consciência Negra de Jaraguá do Sul (Moconevi), encabeçado por pessoas que têm a minha admiração e respeito.
As leis brasileiras condenam o racismo, mas isso nem de longe é garantia de inclusão para grande parte da população negra. Por isso, é preciso fazer valer os direitos assegurados na Constituição, quebrar paradigmas para avançar quando o assunto é cidadania. Ressignificar.
A selvageria que ceifou a vida de João Alberto causou indignação e revolta no mundo inteiro. Remete automaticamente à morte de George Floyd, nos Estados Unidos, que desencadeou o movimento “Vidas negras importam”. E nem poderia ser diferente! Ambos morreram precocemente causando profunda dor entre as famílias, amigos e suas comunidades, ao mesmo tempo que impactaram nos quatro cantos do planeta. Que as vidas deles e de tantos outros que morrem todos os dias em situações semelhantes não tenham sido em vão. Que casos como esses contribuam para o despertar de uma nova consciência, de que fazemos parte de uma única raça: a raça humana!
Siga em paz e na luz, João Alberto Silveira Freitas!
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