A Rede Municipal de Ensino de Massaranduba utilizará o jornal impresso em sala de aula e essa ação baseia-se científica, pedagógica e linguisticamente. Há, nesse movimento, a presença da intencionalidade pedagógica em seu uso para qualificar os processos de ensino e de aprendizagem das crianças da Educação Infantil e dos estudantes do Ensino Fundamental – isso, em meio à “Era Digital”.
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Lidamos diariamente com a tecnologia – cada um a seu modo e conforme suas possibilidades, o que nos apresenta a necessidade de um olhar ampliado e acurado sobre aquilo que vemos, aprendemos ou apenas ouvimos falar e, certamente, isso exige um entendimento para além das mídias digitais; a tecnologia é contemporânea ao nosso tempo, porém, não é a única forma de acesso à informação. Trata-se de um olhar vinculado ao conhecimento, à cultura, à arte, à linguagem e ao cenário sociopolítico que está posto, valorizando o legado histórico e científico que até aqui nos conduziu e que permite, hoje, pensarmos de modo diferente.
Nessa dimensão, a escola se apresenta como instituição central para trabalhar a formação integral do sujeito e a qualidade do conhecimento com fins formativos, cidadãos/emancipadores, que permita uma leitura crítica do mundo para além do óbvio, contribuindo com a formação de sujeitos autônomos e corresponsáveis consigo e com o meio em que vivem. Isso, por sua vez, corrobora com as relações que são estabelecidas entre os sujeitos e os conhecimentos por meio da linguagem, a partir de diferentes contextos em que ela pode ser experienciada.
Neste ponto reside uma das grandes contribuições da formação humana pautada no conhecimento – no sentido pleno do termo – o respeito às diferenças, já que o saber propicia a análise, a compreensão do contexto, dos motivos, a capacidade de encontrar soluções para resolver os problemas, entre outros.
Ainda contextualizando, quanto ao uso e os benefícios formativos, pedagógicos, científicos e linguísticos acerca do uso do jornal em sala de aula, pautamo-nos, também, nos documentos que normatizam, orientam e sistematizam os processos de ensino e de aprendizagem. Vale destacar, que o trabalho com o jornal na sala de aula é apresentado pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017), pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica – DCNEB (2010), pelos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997), pelo Currículo Base da Educação Infantil e do Ensino Fundamental do Território Catarinense (2019), pelas Diretrizes Curriculares Municipais – da Educação Infantil (2019) e do Ensino Fundamental (2021) da Rede Municipal de Ensino, pela Política Municipal de Alfabetização (2020) entre outros. Além disso, é defendido pelo meio acadêmico, linguístico e pedagógico – nacional e internacionalmente, em publicações de livros, artigos em periódicos virtuais e impressos e em congressos de educação em todas as regiões do país.
A riqueza formativa no trabalho com o jornal lida com o desenvolvimento do hábito da leitura e a correlação com os contextos sociais, políticos, culturais. Próximos ao cotidiano, com notícias e informações por meio de fontes mais confiáveis, indo na contramão das fake news, que se fazem presentes em nosso meio. Sem contar que todo esse movimento é mediado pelo professor, intencionalmente, ampliando o vocabulário a partir da norma culta, a leitura de mundo pela palavra e por meio dela, considerando o contexto social já que trabalha com o que é contemporâneo e próximo do que se vive, principalmente quando falamos de um jornal que veicula informações de nossa cidade e região.
Na escola, o trabalho com o jornal pode ser desenvolvido em diferentes disciplinas (áreas do conhecimento) e por diferentes sujeitos conforme sua faixa etária, com viés inter e transdisciplinar, visto que trabalha temas diversos e apresenta variados gêneros textuais em sua composição, como charges, foto jornalismo, gráficos, tabelas, notícias, reportagens, anúncios, poemas, desenhos, paródias, tirinhas, zodíaco, piadas, caça-palavras, cruzadinhas, sudoku, etc. Essas possibilidades podem ser experienciadas tanto por aqueles que já leem como por aqueles estudantes que estão em pleno processo de aprendizagem da leitura e da escrita, já que o professor está presente para encaminhar e mediar todo esse processo.
Vale esclarecer, também, que o trabalho com o jornal em sala de aula ultrapassa a simples leitura; seu trabalho envolve-se com operações complexas do pensamento, como análise, comparação, julgamento, síntese, produção de pontos de vista, etc., o que contribui para a formação de cidadãos autônomos, conscientes e amplia os processos cognitivos dos sujeitos por meio do conhecimento, da linguagem e da condição cidadã. A leitura, como herança cultural de todas as lutas e conquistas que o conhecimento até aqui nos possibilitou, como sujeitos pertencentes ao gênero humano, sempre em transformação e aprendência, nos dá condições de lermos a sociedade por meio de outras vozes e concepções e isso enriquece a complexidade que cerceia e sustenta a formação humana.
Ainda que muitos tenham acesso a alguma forma de tecnologia no contexto atual, sendo esta de qualidade ou não, há que se considerar que este acesso não é feito por todos de igual modo. Aqui se faz necessário o entendimento dos conceitos de equidade, de escola, de instrução pública de ensino, de responsabilidade social, cidadã…
Nessa ótica, incrementar o trabalho desenvolvido nas instituições de nossa rede com a veiculação do jornal – quinzenalmente para cada criança/estudante matriculado – permite a socialização de realidades e projetos particulares experienciados no dia a dia escolar, de uns aprenderem com os outros, das crianças e estudantes, professores, gestão e Secretaria de Educação compartilharem suas ações tomando por base o trabalho com o conhecimento que é vivido em cada Centro de Educação Infantil e em cada Escola . Assim, com o jornal terão condições de aprender mais efetivamente porque são evidenciados como sujeitos centrais da formação, protagonistas e produtores de suas descobertas humanas e intelectivas, sempre em movimento crescente de aprendizagem, sem contar seu cunho social, visto que chegará às famílias também.
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