Jaraguá do Sul: Uma jornada turística desde as origens – 1968

Jaraguá do Sul, a cidade que transformou sua rica história e cultura em um atrativo turístico de renome nacional.

Em uma edição do Correio do Povo, entre 20 e 26 de abril de 1991, o professor Balduino Raulino relatou que o prefeito Victor Bauer foi pioneiro no desenvolvimento do turismo em Jaraguá do Sul. Ao sancionar a Lei nº 205, em 12 de dezembro de 1968, Bauer deu início a uma série de ações para fomentar o setor, como estudos de viabilidade, divulgação na imprensa e oferta de cursos de capacitação. Essa lei, portanto, marca o início oficial do turismo organizado na cidade.

Banco de imagens/Jornal do Vale do Itapocu

Em 1991, durante um Encontro Municipal de Turismo e Cultura, o ex-secretário Balduino Raulino (in memoriam) provocou um intenso debate ao questionar: “Queremos uma cidade turística ou economicamente forte? E como conciliamos isso com a qualidade de vida da nossa população?” A pergunta do ex-secretário refletia as preocupações da época, quando a cidade buscava encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação de sua identidade cultural.

A partir da gestão de Victor Bauer (in memoriam), que deu continuidade ao legado de Artur Müller na construção da identidade germânica de Jaraguá do Sul, a cidade iniciou um processo de desenvolvimento turístico. Na década de 1970, o prefeito em exercício Eugênio Victor Schmöckel (era vice-prefeito de Hans Gerhard Mayer) foi pioneiro ao criar uma lei que impulsionou a implementação de equipamentos culturais como a Biblioteca Pública, o Museu Histórico e o Arquivo Histórico.

Posteriormente, na gestão de Eugênio Strebe (in memoriam), foram dados os primeiros passos concretos para o desenvolvimento do turismo de aventura, com a criação de infraestrutura no Morro do Boa Vista para a prática do voo livre.

Em 1976, o centenário da cidade foi marcado pela publicação do primeiro folder turístico e pela construção do Ginásio de Esportes Artur Müller, um marco importante nesse processo.

Arquivo

Nas gestões seguintes, lideradas por Durval Vasel e Ivo Konell, o turismo continuou a se fortalecer. Iniciativas como o Turismo Férreo,

a Feira da Malha, a abertura do Museu Histórico Emílio da Silva (Estação do Trem) e a Schützenfest, diversificaram a oferta turística. Paralelamente, o mapeamento do território paisagístico do Conjunto Rural do Rio da Luz, realizado pela ação do governo federal, impulsionou o turismo rural.

O associativismo cultural também desempenhou um papel fundamental nesse processo,

com a criação de eventos como a Winterfest, a Kolonistenfest e a Festa do Colono, que fortaleceram a identidade local e atraíram turistas. Essas iniciativas, somadas aos esforços da prefeitura e da comunidade, transformaram Jaraguá do Sul em um importante destino turístico da região.

Banco de imagens/Jornal do Vale do Itapocu

Paralelamente, a iniciativa privada e o associativismo cultural contribuíram significativamente para o desenvolvimento turístico da cidade, com a construção de importantes equipamentos como a sede da Scar (a primeira sede), a Recreativa da Arweg, o Parque da Malwee e as sedes sociais da Sociedade Vieirense e do Clube Atlético Baependi. A inauguração do Shopping Center também impulsionou a economia local e atraiu visitantes. Esses espaços, juntamente com a realização de eventos diversos, passaram a ser atrativos turísticos, enriquecendo a oferta da cidade.

Ao longo dos anos, a cidade de Jaraguá do Sul viu surgir diversos equipamentos que enriqueceram seu patrimônio cultural e turístico. Destacam-se a criação do Museu da WEG, a instalação do Museu Histórico Emílio da Silva no prédio da Prefeitura, durante a gestão de Irineu Pasold (in memoriam), a nova sede da SCAR (Femusc) no bairro Czerniewicz,

a Arena Jaraguá e a restauração do conjunto das edificações da antiga Estação Férrea, realizada na gestão de Moacir Antônio Bertoldi.

Banco de imagens/Jornal do Vale do Itapocu

Além disso, a cidade ganhou o Museu da Paz (Cecília Konell), a Chiesetta Alpina – Monumento ao Imigrante, a Recreativa Duas Rodas, o Pico da Malwee, a Via Verde e o Parque da Inovação. Essas iniciativas, resultado da sinergia entre a iniciativa privada e o poder público,

transformaram significativamente a paisagem urbana e enriqueceram a oferta de lazer e cultura para a população.

Um fator crucial para o desenvolvimento do turismo em Jaraguá do Sul foi a expansão e modernização da infraestrutura rodoviária.

A Rodovia Prefeito Waldemar Grubba, por exemplo, inaugurada durante a gestão do governador Antônio Carlos Konder Reis, e duplicada na década de 1990 pelo prefeito Geraldo Werninghaus, facilitou significativamente o acesso ao município.

Além dela, a pavimentação e sinalização de outras vias, como a Rodovia Wolfgang Weege (de acesso a Pomerode),

a rodovia de acesso ao Conjunto Rural Rio da Luz, e as estradas Garibaldi, Rio Molha (acesso a Massaranduba),

Santa Luzia e Ribeirão Grande do Norte,

proporcionaram melhor mobilidade fácil e segura às diversas comunidades do interior, impulsionando o turismo rural e regional.

Para completar a evolução do município, que tem um viés turístico, diversas pontes foram erigidas, facilitando a conexão entre territórios e fomentando a mobilidade rodoviária. Entre elas estão a Ponte Tavares Sobrinho (Ilha da Figueira), Alberto Bauer (Nereu Ramos, 1981),

Olavo Marquardt (Baependi, 1991), Maria Moser Grubba (Casa Grubba), Walter Breithaupt (1986, Rede Feminina de Combate ao Câncer),

Carlos Frederico Vasel (1996, Beira Rio), Ricardo Grützmacker (Três Rios do Sul), Marly Freihsler Baumer (2011, Via Verde), Antônio Ribeiro (1998, Vila Lalau),

Maria Cristina Vailatti (Vila Nova), Ottilia Primm Schmitt (2015, Curtume Schmitt), Desembargador Mário Rau (2016, Amizade),

José Modestino Junkes (2023, Menegotti) e Eduardo Ferreira Horn (2024, divisa Jaraguá do Sul/Guaramirim), que contribuem para a modernização da infraestrutura.

Em 1992, no bairro Baependi era inaugurado o Terminal Rodoviário Albrecht Germano Gustavo Konell. A construção de um terminal rodoviário interestadual passou atender a diversas finalidades,

tanto para a população local quanto para o desenvolvimento econômico e turístico do Vale do Itapocu.

Paralelamente ao desenvolvimento da infraestrutura e à valorização do patrimônio,

a cidade de Jaraguá do Sul também experimentou um crescimento significativo na oferta de serviços hoteleiros.

A chegada de importantes redes hoteleiras, como Mercure, e o surgimento de estabelecimentos locais como Itajara, Nelo Hotel,

Kairós, Estância Ribeirão Grande, Vale das Pedras, Barra Parque Hotel e Saint Sebastian,

diversificaram a oferta de hospedagem e contribuíram para a consolidação de Jaraguá do Sul como destino turístico.”

Embora o crescimento do turismo em Jaraguá do Sul seja evidente, ainda há lacunas na definição de políticas públicas claras e consistentes para o setor. Embora exista um reconhecimento da importância do patrimônio local, a implementação de ações efetivas para sua valorização e promoção ainda é um desafio. É preciso aprofundar o debate sobre a relação entre o turismo e o desenvolvimento local, buscando um modelo que garanta a

preservação do patrimônio e a geração de benefícios para a comunidade.

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