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Insensibilidade ou autodefesa? Por que nos acostumamos com guerras e tragédias
Psicólogo explica o funcionamento do organismo para resguardar a saúde mental e reduzir a carga de estresse e ansiedade diante de notícias trágicas
23/02/2023
A guerra na Ucrânia completa um ano sem perspectivas de solução imediata. Mais de 44 mil pessoas morreram em um terremoto na Turquia e na Síria. Enchentes e deslizamentos no litoral norte de São Paulo deixaram dezenas de mortos. Todas essas notícias causam impacto e comoção social, mas não demora para que as pessoas se habituem ao noticiário de tragédias.
Por que episódios graves como esses geram grande empatia momentânea e caem no esquecimento em pouco tempo? O psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, mestre em análise do comportamento, explica que essa suposta insensibilidade é um mecanismo de defesa do organismo.
“Quando recebemos notícias sobre guerras, acidentes, desastres naturais e outras tragédias, nosso corpo libera um grau elevado de estresse e ansiedade, o que envolve muita energia. Por isso, com o tempo, o organismo desenvolve um processo de habituação e autodefesa”, explica o professor do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações de ensino superior do país.
Ver as notícias repetidamente é um fator que contribui para a habituação, assim como o distanciamento. Quanto mais longe a pessoa estiver do fato, mais rapidamente vai assimilar a notícia e reduzir a carga de estresse e ansiedade.
“Essa certa ‘insensibilidade’ muda ao personalizarmos um episódio trágico. Se o fato ocorre perto de nós, se conhecemos os envolvidos ou se o noticiário conta histórias individuais de vítimas com as quais nos identificamos de alguma maneira, a habituação é mais lenta porque geramos conexão e empatia”, continua Guilherme.
De acordo com o especialista, não são apenas as grandes tragédias que têm esse efeito. Os profissionais de saúde, por exemplo, precisam se “acostumar” com a rotina nas emergências ou no atendimento a pacientes terminais. “Para atenuar os desgastes emocionais que essas situações diárias provocam, socorristas, médicos e enfermeiros também encontram formas de lidar com a rotina e com o sofrimento de outras pessoas. Isso não significa que sejam frios ou insensíveis, mas que aprenderam a controlar as emoções. É uma proteção do organismo para não entrar em colapso.”
Fatos novos também tendem a gerar estresse e ansiedade. “A habituação não acontece apenas diante de tragédias, mas em situações cotidianas com as quais vamos nos acostumando. Dirigir um carro pela primeira vez nos deixa mais tensos e, com o tempo, nos habituamos e relaxamos. Um emprego novo, a entrada na universidade, os preparativos para uma cirurgia. Sempre que vamos passar por uma experiência nova, o estresse aumenta e exige que o organismo acione mecanismos de defesa para aliviar a sobrecarga emocional”, finaliza o psicólogo Guilherme Alcântara.
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