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Futsal: Goleiro que “pagou” para jogar Copa do Mundo voltará a atuar no Brasil

Roncaglio não teve liberação do Anderlecht-BEL, acertou a multa rescisória e abriu mão de salários para viver o sonho de defender a Seleção Brasileira no mundial

24/10/2024

Futsal: Goleiro que “pagou” para jogar Copa do Mundo voltará a atuar no Brasil

Foto: Leto Ribas

 

Fonte: LNF/ZH

Entre as histórias que construíram a campanha do Brasil rumo ao hexa do mundial de futsal, está a de Diego Roncaglio, o goleiro que pagou para defender a Seleção Brasileira no Uzbequistão, tudo começou quando o atleta de 36 anos não foi liberado pelo seu clube para se apresentar à equipe nacional antes da Copa do Mundo. Diante disso, o jogador tomou uma decisão difícil.

 

Pagou a multa rescisória, encerrou o vínculo com o Anderlecht, da Bélgica, e foi realizar o sonho de infância: estar na Copa do Mundo da FIFA. Assim, fez parte da seleção que conquistou a sexta estrela do Brasil nas quadras. Depois da aventura na Ásia, o goleiro veio para Blumenau, sua terra natal, e faz treinamentos individuais para manter o condicionamento físico.

 

Em conversa com a reportagem, ele antecipou que voltará a atuar no futsal do Brasil em 2025. Por enquanto, prefere não revelar qual será o próximo clube. O retorno ocorre após 10 temporadas na Europa, onde passou pelo Kairat, do Cazaquistão, Benfica, de Portugal, e, claro, o Anderlecht-BEL. Antes disso, no entanto, ele defenderá a amarelinha mais uma vez.

 

Nesta terça-feira (22), o goleiro foi convocado para representar o Brasil na Liga Evolução, promovida pela Conmebol. A competição ocorre de 6 a 10 de novembro, no Ceará, e tem como objetivo principal dar espaço a novos talentos da modalidade. Ronclaglio foi um dos poucos experientes a serem chamados para compor o grupo, formado na maioria por jovens.

 

Valeu a pena pagar a multa rescisória e abrir mão dos salários do último ano de contrato com o Anderlecht para jogar a Copa do Mundo?

Total, não me arrependo nem um pouco, foi a melhor escolha que eu fiz para a minha carreira. Ganhei o título mais importante que um atleta de futsal pode ter, disputar a Copa do Mundo era o meu maior sonho.

 

O que te marcou na campanha do Brasil rumo ao título do mundial, no Uzbequistão?

O que eu mais notei foi algo que geralmente as pessoas dizem que o Brasil não tem: união. O pessoal costuma falar que o Brasil é um time de estrelas, muito individual. Nesta Copa do Mundo, a gente provou justamente o contrário, a nossa união fez com que a qualidade individual aparecesse.

 

Em qualquer reunião e até antes da competição, o assunto era a defesa. O que ganha campeonato é a defesa, não adianta você fazer cinco gols e tomar seis. Quando o time brasileiro se une, é muito difícil ganhar da gente. O que ganha campeonato é a defesa, não adianta você fazer cinco gols e tomar seis.

 

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Foto: FIFA/Divulgação

 

Como foi a convivência com os teus companheiros de posição? O Guitta era o mais experiente do grupo e o Willian foi o melhor goleiro do mundial.

O Guitta e eu temos uma amizade mais longa, de família, de frequentar a casa um do outro. Conseguia conversar com ele sobre tudo durante a Copa do Mundo, já o Willian, eu conheci basicamente no pré-mundial. É um cara sensacional, do bem. Foi fácil conviver com esses caras e dar todo o suporte que o titular iria precisar, o Willian foi quem jogou mais e teve grandes atuações.

 

O Marquinhos Xavier é uma referência para o Rio Grande do Sul, foi multicampeão pelo Carlos Barbosa. Como foi trabalhar com ele?

É um excelente treinador, um cara muito sensato, sério, correto. Sempre confiou em mim, foi o primeiro treinador a me levar para a Seleção Brasileira, em 2019. Nesse ciclo de preparação, fui o segundo mais convocado, se não me engano.

 

Foram 10 temporadas na Europa, o que o futsal de lá tem de diferente do nosso?

É uma diferença bem grande, o Brasil evoluiu muito em termos de organização, mas as ligas lá fora são muito boas neste quesito. São países pequenos, talvez seja mais fácil organizar. Em Portugal, era um jogo por semana. Na Bélgica, os jogos eram todas as sextas-feiras.

 

Não existia outra data para jogar, você já sabia quando ia jogar, quando ia treinar. No Brasil, os jogos ainda são mais físicos, mais disputados. Na Europa, são mais táticos. Porém, os brasileiros ainda tem larga vantagem na parte técnica individual, não é à toa que é um grande exportador de talentos.

 

A Europa paga mais que o Brasil?

Aqui no Brasil temos quatro ou cinco times que pagam muito bem, a nossa moeda ainda está muito desvalorizada em relação ao Euro. Não é difícil o salário de lá compensar, o custo de vida também é mais baixo.

 

Em alguns casos, você ganha casa, carro, água, luz, ou seja, não precisa arcar com essas despesas. Não são todos que pagam isso, mas são muitos. Sem falar na qualidade de vida, tem escolas gratuitas, seguras, por exemplo.

 

Até quando você pretende levar a carreira?

Ainda me sinto muito bem fisicamente para jogar em alto nível, acredito que possa jogar mais uns três ou quatro anos, mas depende de como as coisas forem evoluindo.

 

Pretende voltar a Europa?

Quero voltar, mas não é o momento. Passei por momentos bem delicados nos últimos anos na Bélgica, minha mãe teve câncer e eu estava longe. Me deixou um pouco para baixo, isso nos deixa reflexivo. O Brasil tem seus problemas, mas é maravilhoso. Quero mostrar para o meu filho, que tem sete anos, como é viver no Brasil.

 

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Foto: Secel/Divulgação

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Por

Sou Felipe Junior, jornalista formado, na Universidade Regional de Blumenau (Furb), pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Multimídias, na Anhembi Morumbi, em São Paulo.

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