Esportes

Futebol: Três jornalistas esportivos morrem nas últimas horas

Antero Greco, Silvio Luiz e Apolinho faleceram entre quarta (15) e quinta-feira (16)

16/05/2024

Futebol: Três jornalistas esportivos morrem nas últimas horas

Foto: ESPN/Divulgação

 

Fontes: ESPN/CNN Brasil/GE

O Jornalismo, assim mesmo, com J maiúsculo, está de luto, principalmente no futebol. Morreu na madrugada desta quinta-feira (16) Antero Greco, um dos maiores ícones da história da ESPN e da comunicação no Brasil, ele tinha 69 anos.

 

“É com muita tristeza que comunicamos a partida de nosso querido Antero Greco, serenamente, nesta madrugada de 16 de maio de 2024. A despedida será realizada no Cemitério do Redentor, hoje, a partir das 12h, seguida pelo enterro às 16h, na Avenida Dr. Arnaldo. 1.105. Agradecemos todas as manifestações de carinho e apoio que recebemos em seus momentos finais”, informou a família.

 

Antero lutava contra um tumor no cérebro há quase dois anos e mesmo com altos e baixos durante o tratamento, fazia questão de continuar, de casa ou do estúdio, fazendo parte do SportsCenter, programa que ajudou a alavancar desde o seu início.

 

Foi no SC, aliás, que o paulistano filho de João Greco e Ernestina Caterina Ferraro Greco formou uma parceria fortíssima de anos e anos com Paulo Soares, o ‘Amigão da Galera’. Sob o comando dos dois, sempre com um jornalismo informativo e ao mesmo tempo divertido, leve, o programa ganhou ainda mais notoriedade com o passar do tempo. Tornaram-se, sem sombra de dúvidas, a dupla favorita de todas as noites do fã de esportes.

 

Antero e Amigão, ou Amigão e Antero, protagonizaram diversos momentos históricos na tela da TV. Com alto astral, sorriso no rosto e, claro, seriedade na hora da informação, eles viraram referência no telejornalismo brasileiro. “Anterito, my friend [meu amigo]”, dizia carinhosamente Paulo Soares para chamar o parceiro de bancada para o assunto do momento.

 

Quem não conhece a história do Milton Caraglio? Ou do Louis Picamoles? São incontáveis os momentos em que os apresentadores, “irmãos” de SportsCenter, informavam e alegraram a todos que os acompanhavam, fica a saudade e o exemplo também.

 

Antero nasceu em 2 de junho de 1954, logo, completaria 70 anos mês que vem. Ele se formou em Jornalismo pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo) e começou a exercer a profissão em 1974, há 50 anos, como revisor do jornal O Estado de S. Paulo.

 

No diário, ocupou também as funções de repórter, chefe de reportagem, repórter especial e editor. Foram três passagens, a última encerrada em 2018. Também trabalhou no Diário Popular, no Popular da Tarde e na Folha de S. Paulo. Na TV, teve passagem pelo SBT e também pela Bandeirantes.

 

A história de Antero Greco com a ESPN vem desde 1994, ainda como TVA Esportes (que virou ESPN em 1995), na qual atuou por décadas como comentarista do SportsCenter, comentarista de partidas internacionais e já há muitos anos escrevia para o ESPN.com.br.

 

Além do incrível trabalho ao lado de Paulo Soares no SportsCenter, o jornalista também participava esporadicamente de quase todos os outros programas da casa, do Linha de Passe ao antigo Bate-Bola, também deu enorme contribuição ao Futebol No Mundo.

 

O experiente comunicador ainda cobriu, in loco, as Copas do Mundo de 1982, 1986, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014. Em maio de 2023, Antero Greco retornou ao estúdio do SportsCenter após longo período de tratamento e um susto ao vivo. Ao lado do apresentador Eduardo Elias, ele se emocionou e falou de coração aberto: “Estar aqui na bancada que eu ocupo há mais de 20 anos é uma emoção e também uma vitória de ciência e de fé.”

 

Naquela noite de 15 de maio, ele resumiu no ar e com a leveza de sempre, mesmo tratando de um assunto tão delicado, a luta que vinha travando e como descobrira o tumor, em junho de 2022, quando sentiu dentro de sua casa uma dormência em uma das mãos. “Um corpo estranho aqui, na cuca; sobrou um treco da gororoba; tive um piripaque aqui”, foram algumas das expressões do jornalista.

 

Algum tempo depois, por orientação médica, ele voltaria a participar mais de casa da programação da ESPN. “Fiz neste tempo todo meu trabalho em casa, não deixei de trabalhar, pra mim, o trabalho foi uma terapia”. Antero Greco deixa a esposa e companheira de décadas, Leila Maria de Brito Greco, os filhos João Paulo de Brito Greco e Maria Cristina de Brito Greco e os netos Pedro Shellard Greco e Carolina Shellard Greco.

 

“Deixa órfão não só o Jornalismo, mas também o fã de esporte que se acostumou a assistir à extraordinária dupla durante tantas e tantas noites de SportsCenter. A TV brasileira perde um dos maiores e a nós, da família ESPN, ficará a saudade, o exemplo e as grandes memórias proporcionadas por Antero. Descanse em paz, Anterito!”, escreveu a ESPN, em nota.

 

Silvio Luiz

Nesta quinta-feira (16), o narrador esportivo Silvio Luiz morreu aos 89 anos. Ele estava internado no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde o dia 8 de maio. Silvio sofreu um AVC durante a transmissão do jogo entre Palmeiras e Santos, pela final do Campeonato Paulista, em abril. Contratado da TV Record, o locutor liderava a equipe de transmissões das plataformas digitais da emissora desde 2022.

 

Silvio Luiz estava em coma induzido, intubado e impossibilitado de fazer hemodiálise devido à fragilidade decorrente da idade. Ele enfrentava problemas renais, Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa era o nome de batismo de Silvio Luiz. Nascido em 14 de julho de 1934, começou a carreira em 1952, fazendo participações em radionovelas.

 

Como locutor, iniciou sua trajetória na Rádio Record, passou pela Rádio Bandeirantes e, na extinta TV Paulista, foi o primeiro repórter de campo da imprensa esportiva brasileira. Silvio também foi árbitro de futebol, ele foi um dos assistentes na partida de inauguração definitiva do Estádio do Morumbi, em 1970.

 

Futebol: Três jornalistas esportivos morrem nas últimas horas

Foto: JDV

 

Como ator, participou de duas novelas: “Éramos seis” e “Cela da morte”, ambas na TV Record. Trabalhou, também, nas Rádios Jovem Pan e Transamérica. Passou por Rede TV, Bandsports e SBT, onde narrou Copa do Mundo de 1994, quando a emissora de Silvio Santos se uniu Record para a transmissão do Mundial. Por lá, foi apresentador do programa “Gol show” e líder da equipe de esportes do canal por três anos.

 

Ícone da narração esportiva, Silvio Luiz se notabilizou pelo jeito irreverente, irônico e descontraído nas locuções de futebol. Ele é dono de bordões que marcaram época e são lembrados até hoje, como: “Olho no lance”, “Acerte o seu aí, que eu arredondo o meu aqui”, “Confira comigo no replay”, e “É mais um gol brasileiro, meu povo”. Premiado, Silvio Luiz venceu por 5 vezes o “Troféu Imprensa” como melhor narrador esportivo do Brasil. Ganhou ainda o “Troféu Comunique-se” e o “Prêmio Aceesp” como melhor locutor de televisão do país.

 

O Hospital Oswaldo Cruz comunicou a morte de Silvio Luiz por meio de nota oficial. “O Hospital Alemão Oswaldo Cruz informa que o paciente, Sr. Sylvio Luiz Perez Machado de Souza, 89, faleceu nesta quinta-feira (16) às 9h40, em decorrência de falência de múltiplos órgãos. O narrador esportivo e jornalista estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital desde o dia 8 de maio. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz lamenta o falecimento, a direção, equipe médica e assistencial se solidarizam com os familiares e amigos neste momento de dor“, afirmou o comunicado. Silvio Luiz deixa esposa e três filhos. Ainda não há informação sobre local de velório e horário de sepultamento do narrador.

 

Apolinho

Washington Rodrigues, o Apolinho, morreu aos 87 anos, por causa de um câncer no fígado. Além de consagrado jornalista que marcou gerações com seus comentários nas rádios Globo e Tupi, Washington era um apaixonado pelo Flamengo.

 

Em 1995, a convite do então presidente Kleber Leite, assumiu a tarefa de treinar o Rubro-Negro. Apolinho morreu durante a partida entre Flamengo e Bolívar, nesta quarta-feira (15), pela Libertadores da América.

 

Criador de diversos bordões com uma linguagem popular que conquistou ouvintes no rádio carioca ao longo de décadas, o comentarista Washington Rodrigues fez dupla marcante com o narrador José Carlos Araújo, o Garotinho, na Rádio Globo.

 

Ele também ficou marcado por uma “previsão” feita durante a transmissão da Super Rádio Tupi da final do Campeonato Carioca de 2001, em 27 de maio daquele ano. Antes de Petkovic cobrar a falta e marcar o golaço que garantiu o tricampeonato do Flamengo sobre o Vasco, Apolinho afirmou:

 

“Acaba de chegar São Judas Tadeu”. A aventura no comando do Flamengo é a passagem mais marcante de Washington Rodrigues longe do jornalismo, ele contou ao UOL em 2015 como virou treinador:

 

Futebol: Três jornalistas esportivos morrem nas últimas horas

Foto: GE/Divulgação

 

“Estava jantando com o Vanderlei Luxemburgo e o Kleber Leite me convidou para encontrá-lo em um restaurante, imaginei que queria conselhos sobre o momento do time e fui preparado para sugerir a contratação do Telê Santana. Ninguém queria pegar o Flamengo, o papo varou a madrugada, até que por volta das 3h30 havia um prato virado na mesa e sem uso”.

 

“O Kleber me disse que tinha um nome e pediu para que virasse o prato, quando vi que era o meu, tomei um susto e perguntei se ele estava brincando. Pensei rápido e aceitei, já que o Flamengo é uma convocação. Foi uma correria, tinha que me desligar da rádio, TV, jornal, tudo para evitar conflito”.

 

Foram 26 partidas, 11 vitórias, oito empates e sete derrotas, o time do Ataque dos Sonhos de Sávio, Romário e Edmundo não reagiu no Campeonato Brasileiro e terminou no 21º lugar. Na Supercopa dos Campeões da Libertadores, entretanto, a campanha foi boa. O Flamengo venceu sete dos oito jogos disputados, mas acabou derrotado na decisão em duas partidas com o Independiente.

 

Além da aventura à frente do Flamengo em 1995, Washington, novamente “convocado” por Kleber Leite, voltou ao clube três anos depois para assumir o cargo de diretor de futebol. Washington Carlos Nunes Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro em, no dia 1º de setembro de 1936. Desde cedo, virou um amante do futebol e sempre se orgulhou em dizer que organizava saídas da escola para frequentar o Maracanã.

 

O apelido Apolinho foi dado para o seu microfone pelo locutor Celso Garcia, em alusão aos equipamentos usados pelos astronautas da missão à Lua Apollo 11. Não demorou para virar a sua marca, Apolinho trabalhava na Super Rádio Tupi. No último mês de fevereiro, o Show do Apolinho completou 25 anos.

 

Saiba mais: Futebol: Flamengo goleia o Bolívar e volta à zona de classificação para a próxima fase

Futebol: Flamengo goleia o Bolívar e volta à zona de classificação para a próxima fase

Foto: Flamengo/Divulgação

Quer saber das notícias esportivas de Jaraguá do Sul e região? Clique aqui e participe do nosso grupo de WhatsApp

Por

Sou Felipe Junior, jornalista formado, na Universidade Regional de Blumenau (Furb), pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Multimídias, na Anhembi Morumbi, em São Paulo.

Notícias relacionadas

x