Historiador e criador de conteúdo digital para as plataformas do Kwai, Tik Tok e You Tube. Dedicado à pesquisas sobre memória e patrimônio histórico-cultural em comunidades tradicionais
Expedicionário Otto Eduardo Kuhr: Serviço e sacrifício em tempos de guerra
Expedicionário Otto Eduardo Kuhr, cuja vida e serviços durante a II Guerra Mundial exemplificam coragem e dedicação
15/08/2024
Este texto presta uma homenagem ao Expedicionário Otto Eduardo Kuhr, cuja vida e serviços durante a II Guerra Mundial exemplificam coragem e dedicação. Nascido em 13 de julho de 1921, em Massaranduba, Santa Catarina, Otto Kuhr serviu com distinção nas forças armadas brasileiras, desempenhando papéis cruciais tanto em solo nacional quanto em campanhas no exterior. Sua trajetória, marcada por sacrifícios e realizações, reflete o compromisso de um homem com seu país em tempos de conflito global. Ao revisitar sua jornada, celebramos não apenas suas conquistas militares, mas também seu legado duradouro de coragem e devoção.
É com pesar que informamos o falecimento do Expedicionário Otto Eduardo Kuhr, ocorrido no dia 10 de agosto de 2024, no Residencial Bethesda, em Joinville, no distrito de Pirabeiraba. O sepultamento foi realizado no dia 11 de agosto, às 16h, no Cemitério Municipal de Joinville.
Otto Eduardo Kuhr nasceu em 13 de julho de 1921, no distrito de Massaranduba, município de Blumenau. Filho de Carl Friedrich Otto Kuhr e Bertha Marti Kuhr, Otto passou sua infância e juventude em diversas localidades de Santa Catarina.
Seu pai era missionário luterano e atuou como pregador em Jaraguá do Sul por volta de 1903. Posteriormente, recebeu autorização do sínodo luterano no Brasil e foi instalado como pastor em Massaranduba, comunidade onde trabalhou por muitos anos e enraizou seu trabalho religioso. Na década de 1920, Otto foi para Joinville, onde iniciou seus estudos na Escola Estrangeira Alemã (Bom Jesus), hospedando-se e sendo pensionista de uma família conhecida de seus pais. Após concluir essa fase de sua educação, retornou a Blumenau para continuar seus estudos na Escola Estrangeira Alemã.
Durante sua juventude, Otto trabalhou na firma Fritz Lorenz, em Timbó, na área de processamento de carnes. No final da década de 1930, foi convocado para o serviço militar. Após ser aprovado em exames, foi designado para a unidade descentralizada de Curitiba, conhecida como 3º D 20, com a responsabilidade de guarda de segurança na costa marítima catarinense.
Em uma outra ocasião, Otto foi novamente convocado pelo Exército Brasileiro e, após passar por exames médicos, embarcou em Joinville a bordo da Maria Fumaça, rumo a Caçapava, São Paulo. Em Caçapava, participou de treinamentos militares e foi posteriormente encaminhado ao porto do Rio de Janeiro, próximo à vila militar no Morro Capistrano. Seguiu viagem de navio pelo Atlântico e Mediterrâneo, onde frequentemente auxiliava na cozinha, preparando refeições com cardápio americano, cuja culinária ele apreciava.
Após retornar ao Brasil, o expedicionário Otto voltou a vida comunitária e o emprego em Timbó na firma Fritz Lorenz, onde foi promovido a gerente ao longo dos anos. Em 1960, já casado com Irmagard, passou a residir em Joinville, na área circunvizinha da cidade. Empregou-se na firma de Jorge Meyrle, especializada em secos e molhados, atuando como vendedor externo nas cidades ao longo do ramal ferroviário, de São Francisco do Sul a Porto União. Posteriormente, trabalhou na firma de Germano Stein como inspetor de segurança e gerente da seção de máquinas.
Durante sua trajetória de vida ativa, Otto foi um dedicado comerciário e foi homenageado aos 80 anos da entidade sindical de classe de Joinville, reconhecido como o associado mais antigo. No início de 2021, em plena fase da pandemia de Covid-19, Otto recebeu a vacina conforme a campanha nacional e o cronograma da Secretaria Municipal de Joinville, visando sua proteção contra o coronavírus.
Otto Eduardo Kuhr, o último expedicionário do Vale do Itapocu e do município de Massaranduba, representa um capítulo final de uma geração que se sacrificou em nome da pátria durante um dos períodos mais tumultuados da história mundial. Sua vida e serviço são um testemunho da coragem e da determinação de homens que, mesmo em tempos de grande adversidade, mantiveram seu compromisso inabalável com o dever e a nação.
O herói de guerra foi biografado por Ademir Pfiffer, historiador que documentou a trajetória de Otto no livro Os Catarinas na II Guerra Mundial: Narrativas, trajetórias e memórias – FEB, ANVFEB, Museu da Paz e AAMPAZ, uma obra que aguarda recursos para sua publicação. Este registro biográfico perpetua a memória e os feitos do expedicionário Otto, assegurando que sua história inspire e eduque as futuras gerações.
Com o seu falecimento, encerra-se uma era de veteranos que carregavam consigo as memórias vivas da II Guerra Mundial, seus desafios e suas vitórias. O expedicionário Otto não apenas serviu com distinção nas forças armadas, mas também retornou ao Brasil como um pilar de sua comunidade, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento e bem-estar local.
Sua partida marca o fim de uma linhagem de heróis que se dedicaram ao país, mas seu legado permanece, inspirando as gerações futuras a valorizar a liberdade, a coragem e o compromisso com a nação. Otto Eduardo Kuhr será sempre lembrado como um símbolo de dedicação e sacrifício, cuja vida exemplifica os valores mais nobres do espírito humano.
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