Encontro vai tratar da história e arqueologia do Caminho do Peabiru

Estão abertas as inscrições para o 2° Encontro de Esclarecimento Histórico e Arqueológico do Caminho do Peabiru – 500 anos da passagem de Aleixo Garcia no Vale do Itapocu. O objetivo do evento é criar um ambiente propício para a interação e colaboração entre profissionais renomados das áreas de educação, cultura e turismo, juntamente com pesquisadores de destaque, como também fomentar discussões enriquecedoras, compartilhamento de conhecimento avançado e o desenvolvimento de novas perspectivas.

O Encontro está marcado para os dias 15 e 16 de setembro, das 8h35min às 17h35min no Teatro Anchieta do Seminário Sagrado Coração de Jesus. As inscrições individuais e com vagas limitadas terminam no dia 12 de setembro. A realização é do Caminhos de Peabiru, Amvali e Cigamvali.

No primeiro dia estão previstas palestras, apresentações culturais e rodas de conversa e no dia 16, saída a campo percorrendo o Caminho de Peabiru e os sambaquis. Para participar, o ingresso solidário é a doação de arroz, feijão preto, fubá, sardinha em lata ou enlatados, roupas em bom estado de uso e cobertores.

Tudo será repassado para a aldeia indígena Tekoa Yvy-ju. 

Cinco séculos separam da passagem do navegador Aleixo Garcia pela região

Essa trilha transcontinental cativa a imaginação das pessoas com tanta facilidade — uma fascinação que vem desde o primeiro europeu conhecido por caminhar por toda a sua extensão: o navegador português Aleixo Garcia.

Garcia naufragou no litoral de Santa Catarina no ano de 1516, depois do fracasso de uma missão espanhola que pretendia navegar pelo Rio da Prata. Ele e meia dúzia de outros navegadores foram acolhidos pelos receptivos indígenas guaranis.

Oito anos mais tarde, depois de ouvir as histórias sobre um caminho que levava até um império nas montanhas, rico em ouro e prata, Garcia viajou com dois mil guerreiros guaranis até os Andes, a cerca de três mil quilômetros de distância.

A pesquisadora brasileira Rosana Bond, no livro A Saga de Aleixo Garcia: o Descobridor do Império Inca, afirma que Garcia foi o primeiro europeu conhecido a visitar o império inca em 1524 — cerca de uma década antes da chegada do conquistador espanhol Francisco Pizarro, amplamente conhecido como “descobridor” do povo originário dos Andes peruanos.

As trilhas que vinham do Brasil conectavam-se à rede de estradas incas e pré-incas através dos Andes, que hoje recebem muitos visitantes, mas o Caminho de Peabiru propriamente dito deixou poucos vestígios.

Essa falta de evidências físicas não só levou a teorias divergentes nos círculos acadêmicos sobre quem o criou e quando. Algumas teorias afirmam que a trilha data de cerca de 400 ou 500 d.C., enquanto outras sugerem que ela remonta até 10 mil anos atrás, aos caçadores-coletores paleoindígenas.     

ITAPOCU – O Caminho do Peabiru possuía um percurso de cerca de 4 mil km. Em S.Catarina, se fazia pelo Rio Itapocu (Tape Puku na língua guarani, significando Caminho Comprido). Passava por Barra Velha, São João do Itaperiu, Guaramirim, Jaraguá do Sul, Corupá e São Bento do Sul.

Existem cerca de 30 documentos manuscritos, dos anos 1500 e 1600, informando que o caminho dos índios (Peabiru) era pelo Itapocu. Tais textos foram encontrados por Fábio Krawuslk Nunes, de Jaraguá, e estão registrados em cartório.

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