Estudante da 5ª fase de Design, curiosa por natureza e apaixonada pelo que faz.
Como a genética influencia nossa alimentação? Entenda
Descubra o que a genética tem a ver com a nossa alimentação e como os genes influenciam o paladar com as explicações de um médico neurologista
13/11/2023
Você sabia que o consumo de frutas, café, cerveja e outros alimentos pode ser influenciado pela nossa genética? Segundo pesquisas científicas mais recentes, diversos genes podem influenciar nosso interesse em consumir um alimento através do paladar, de mecanismos cerebrais que geram necessidade de alguns nutrientes e até do metabolismo, alterando nossa resposta a diferentes alimentos.
Assim como existe a preferência por determinadas comidas e bebidas, também existe aquela história de “não como isto, não como aquilo”. O coentro, por exemplo, divide opiniões e tem gente que até sente gosto de sabão ao comê-lo. Sabia que isso também tem a ver com a genética?
De acordo com Dr. David Schlesinger, neurologista e doutor em Genética pela USP (Universidade de São Paulo), o coentro possui compostos chamados de aldeídos, que também podem ser encontrados em produtos de limpeza. “Há variações genéticas, próximas a genes de receptores olfativos, que estão associadas à capacidade de uma pessoa sentir o sabor desagradável do coentro, provavelmente por realçar a percepção dos aldeídos”, esclarece o especialista.
Para entender melhor como a genética influencia a nossa alimentação, nós conversamos mais detalhadamente com o David Schlesinger. Confira abaixo a entrevista completa!
Em média, existem quantas variantes de genes relacionadas às preferências alimentares?
Em alguns casos, basta uma variação genética para que haja uma preferência ou sensibilidade a um sabor. Porém, a maioria das nossas características, incluindo nossas preferências alimentares, possuem um padrão de herança poligênica, ou seja, são influenciadas por variações presentes em um conjunto de genes. Por exemplo, o consumo de café é influenciado por mais de 15 mil variantes genéticas, enquanto o consumo de álcool é influenciado por mais de 40 mil variantes.
Como a sensibilidade ao sabor é influenciada pela informação contida no DNA?
A nossa percepção de sabor se forma a partir de sentidos como gosto e cheiro, mas existem variações genéticas que alteram os receptores desses sentidos. Por exemplo, os receptores de sabor ou do olfato podem se ligar de maneira diferente às moléculas dos alimentos, tornando-os mais ou menos sensíveis a essas moléculas.
Como a variação dos genes altera os sabores amargos? Quais alimentos amargos são influenciados por este gene específico?
Há grande variabilidade genética em relação aos receptores de gosto amargo. Por exemplo, variações no gene TAS2R38 fazem com que o receptor de gosto amargo seja sensível ou não a uma molécula chamada PTC (feniltiocarbamida).
Alguns vegetais crus, como brócolis e couve-de-bruxelas, possuem moléculas similares ao PTC e as diferenças genéticas na percepção do gosto amargo podem explicar por que algumas pessoas gostam desses vegetais enquanto outras não gostam.
Algumas pessoas sentem o coentro com gosto de sabão e outras não. Podemos associar isso à genética?
Sim. O coentro possui muitos compostos chamados de aldeídos, que também estão presentes em produtos de limpeza. Há variações genéticas, próximas a genes de receptores olfativos, que estão associadas à capacidade de uma pessoa sentir o sabor desagradável do coentro, provavelmente por realçar a percepção dos aldeídos.
Além do coentro, tem outros alimentos que as pessoas sentem o sabor diferente devido à genética, como uva-passa, por exemplo?
A carne de porco proveniente de machos possui um hormônio chamado androsterona, que por conta de variações genéticas em um receptor olfativo, pode ser sentida como baunilha por algumas pessoas e como urina ou suor por outras.
É importante lembrar que além da genética, a quantidade e o tipo de alimento que consumimos é influenciada por muitos outros fatores, como hábito, cultura, religiões, ideais, doenças, renda, estrutura e rotina familiar (por exemplo se a pessoa é solteira, casada ou tem filhos) e idade.
O consumo de álcool e de café são influenciados pelo mesmo gene?
O consumo de café e até a preferência pelo tipo do café, se puro, adoçado ou com leite, parece estar mais relacionado ao metabolismo da cafeína do que ao sabor amargo da bebida. O efeito estimulante passa mais rapidamente nas pessoas que possuem um metabolismo mais rápido de cafeína e, por isso, elas precisam beber mais café.
Foto: Reprodução
Já as diferenças genéticas que aumentam ou diminuem o consumo de álcool e as que predispõem ao alcoolismo estão bastante associadas à metabolização dessa substância, resultando em diferenças, por exemplo, nas enzimas que processam o álcool no fígado e na sensibilidade cerebral aos efeitos do álcool.
Como frutas e vegetais podem influenciar na reprogramação do DNA?
Não é possível reprogramar o DNA com base em alimentação, mudanças de hábitos ou estilo de vida. A reprogramação é possível apenas para algumas alterações genéticas específicas que podem ser corrigidas com o uso de medicamentos e terapia gênica específicos.
Fonte: Globo
Quer saber das notícias de Jaraguá do Sul e Região primeiro? Participe do nosso grupo de WhatsApp ou Telegram!
Siga nosso canal no youtube também @JDVonline
Notícias relacionadas
Dormir na hora errada engorda? Médico explica como a falta de rotina pode impactar até no peso
Um dos maiores nomes da medicina e performance esportiva, com mais de um milhão de seguidores nas redes, Dr. Rodrigo Schröder explica o que é o ciclo circadiano e a importância de manter o relógio biológico alinhado