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Tá lá o gato estendido no chão…

Pode até parecer que errei o refrão da música “De frente pro crime”, do compositor e cantor João Bosco (‘Tá lá o corpo estendido no chão’…), mas não! Se trata de um gato, mesmo, que apesar de estar estendido e aparentemente morto, permanecia vivo, deitado no tapete da portaria do…

19/11/2023

Pode até parecer que errei o refrão da música “De frente pro crime”, do compositor e cantor João Bosco (‘Tá lá o corpo estendido no chão’…), mas não! Se trata de um gato, mesmo, que apesar de estar estendido e aparentemente morto, permanecia vivo, deitado no tapete da portaria do condomínio, sangrando, com ferida exposta no pescoço, debilitado, como a pedir socorro aos passantes.

O fato ocorreu essa semana, no bairro Vila Nova, em Jaraguá do Sul, enquanto me dirigia à portaria para a entrega de um eletrodoméstico. Fiquei estarrecida ao constatar que o gato amarelo estava ali, exausto, sem se mexer. Cheguei a perguntar a um vizinho se estava morto e ele respondeu um “ainda não!”, com um sorriso debochado e indiferente.

Tá lá

Recebi a caixa do entregador e fiquei ali, olhando para o bichano por alguns instantes, sem saber o que fazer primeiro.

Para mim, que sou tutora do gato Cherrie há sete anos, é difícil entender como o ser humano pode ser tão endurecido a ponto de ver um felino sofrendo e não se importar. É triste constatar que esse tipo de rejeição e preconceito remonta à Idade Média e permanece no inconsciente coletivo de muita gente até hoje…

Continuando, decidi levar a caixa para o apartamento e voltar com um pote de água. Tão enfraquecido estava, que mal abriu os olhos.

Comentava com os vizinhos, que em sua maioria olhavam e não esboçavam nenhuma reação. Para eles, pouco importava se o gato estava vivo, se sobreviveria, ou não. Confesso que fiquei chocada. Sim, ainda me choco com a frieza humana em muitos momentos!

As exceções foram uma adolescente, que o acarinhou na cabeça antes de sair, uma criança, acompanhada da mãe, triste com o sofrimento do animal, e um vizinho que parou e também lamentou o acontecido. Esse vizinho me confirmou que o gato em questão era muito agressivo, costumava atacar outros e pelo jeito, dessa vez, tinha levado uma surra e tanto!

Tá lá

Lembrei de uma clínica veterinária que tinha convênio com a Prefeitura para resgatar cães e gatos abandonados, maltratados/machucados, mas descobri que o espaço não fazia mais esse tipo de atendimento. Começava a luta contra o tempo para impedir que o gato amarelo definhasse até morrer ali, debaixo dos nossos olhos, na portaria do residencial.

Tá lá

Foi então que acessei o site da Prefeitura (jaraguadosul.sc.gov.br), cliquei no lado esquerdo da capa, na “Rede de atenção animal” e em seguida apareceu “Regate emergencial cães e gatos”. Foi ali que achei os telefones 156 (Ouvidoria) e 99183-7306 (fora do horário de expediente). Ligação feita, solicitação registrada, me informaram que a Fujama seria acionada.

Optei então por ligar para a Fujama (Fundação Jaraguaense do Meio Ambiente) para reforçar a situação e explicar que era preciso abrir o portão do condomínio para  possibilitar o resgate. Deixei o número do celular e aguardei ser chamada. Passados cerca de 30 minutos, um funcionário da clínica conveniada me ligou. Ele estava aguardando no portão para buscar o gato. A ligação caiu duas vezes e o homem ameaçou ir embora até eu garantir que estava a caminho.

Ao abrir o portão, o funcionário se aproximou do felino com uma toalha e o colocou na caixa de transporte, sem nenhum “protesto”, tal a fraqueza. “A partir de agora, não daremos nenhuma informação. Os animais recuperados são anunciados para adoção na página da Fujama”, informou o funcionário da clínica.

Considerando que possivelmente o gato amarelo estava sem forças, me pergunto se vai sobreviver, ser castrado, chipado e depois adotado de forma responsável, com todos os cuidados e amor que os animais de estimação merecem receber. Espero que sim!

De qualquer forma, saí desse episódio com a consciência tranquila, de que cumpri meu papel de cidadã.

E você, já teve a oportunidade de ajudar numa situação dessas? E nunca é demais lembrar de que é preciso denunciar casos de negligência, maus tratos e demais crimes praticados contra os animais.

 

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Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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