Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: SOS Rio Grande do Sul
E pensar que no último sábado o lago Guaíba subiu 5,30 metros, depois de invadir o centro da capital gaúcha
05/05/2024
As imagens que nos chegam da calamidade que assola o Rio Grande do Sul estão consternando o Brasil e tem despertado uma onda de solidariedade que comove e nos dá orgulho de sermos brasileiros.
Não há como não se emocionar ao assistir a fúria das enchentes e a situação desoladora que desde a última segunda-feira passou a afetar 334 municípios gaúchos. A tragédia ambiental sofrida pelo estado vizinho tem mobilizado a ajuda de outros estados da Federação, de todos os cantos do país, e do governo federal. Já estava na hora do Brasil se unir, superando as distâncias e as diferenças regionais. Afinal, somos todos brasileiros, não é mesmo?!
Vale destacar que até a tarde do domingo (5), já haviam sido confirmadas 78 mortes, mais de 100 desaparecidos e 155 feridos, com cerca 107.6 mil pessoas fora de casa, em residências de parentes, amigos, ou em abrigos disponibilizados pelas prefeituras e instituições.
E especialmente para mim, que nasci, me criei e me formei em Porto Alegre, com fortes laços ainda mantidos com a minha terra natal, é mais doloroso ainda! Assistir o desespero com as perdas humanas, e também materiais, dos que de uma hora para outra ficaram sem nada, é um duro golpe no emocional da gente. No bairro Sarandi, os moradores estão recebendo SMS para “evacuarem as casas imediatamente”.
E pensar que no último sábado o lago Guaíba subiu 5,30 metros, depois de invadir o centro da capital gaúcha. Como é triste ver a água invadir o Mercado Público e a parte histórica de Porto Alegre, estarem inundadas! A Casa de Cultura Mário Quintana, de tantos eventos, exposições e seletos filmes também não escapou…
Sempre ouvi minha oma Clara contar da grande enchente que atingiu Porto Alegre, há 83 anos. De ter tido que se abrigar com a família em uma casa mais alta, cedida por uma vizinha, até as águas baixarem. A aflição, a desolação do opa José ao encontrar a situação da casa e dos móveis, destruídos, que ele fez questão de conferir primeiro e limpar, antes de trazer de volta a família… E dessa vez, o Guaíba superou os 4,76 metros de 1941! É impressionante como as mudanças climáticas mudaram as perspectivas ambientais em todo o mundo, deixando claro que não há mais lugar absolutamente seguro para se viver…
Ao mesmo tempo que há cenas desoladoras de destruição, por outro lado, há resgates emocionantes de pessoas e animais, com mostras inequívocas de uma corrente solidária que se formou por todo o país. Nessas horas, renasce a fé de que o ser humano tem jeito, porque é capaz de deixar de lado divergências políticas e diferenças em prol do bem comum.
A empatia despertada no povo brasileiro, que imediatamente passou a contribuir das mais variadas formas é lindo de se ver, com arrecadações que partem de todos os cantos, em alimentos, materiais de limpeza, colchões, roupas e contribuições para a Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Outra opção é doar para o canal oficial do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, pela chave PIX 92.958.800/0001-38. Doe o que puder, mas doe!
Relembre a enchente de 1941, em Porto Alegre
A enchente de 1941 em Porto Alegre foi a segunda maior enchente já registrada na capital gaúcha. Durante 22 dias, nos meses de abril e maio de 1941, as águas do Guaíba alcançaram uma cota de 4,76 metros (a média normal é de 1 metro). O centro da cidade ficou debaixo de água e os barcos se tornaram o principal meio de transporte. As águas atingiram pontos da cidade como o Mercado Público, a Prefeitura Municipal e a Rua da Praia (hoje Rua dos Andradas). Os bairros mais atingidos em Porto Alegre, foram o Centro, Navegantes, Passo D’Areia, Menino Deus e Azenha.
A capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre foi uma das cidades mais atingidas em função de sua posição geográfica, nas margens do Lago Guaíba. A Região Hidrográfica do Guaíba cobre cerca de um terço da área do estado e, consequentemente, as chuvas de toda esta região escoam para o lago. Nestas sub-bacias ocorrem algumas das maiores precipitações pluviométricas do estado.. Na época da Enchente de 1941, a precipitação somou 791 milímetros. Mesmo com o fim das chuvas, um vento sudoeste represou as águas da Lagoa dos Patos de volta a Porto Alegre. (Fonte: Wikipédia).
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