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Coluna: Sílvio Santos, o inigualável!

Com certeza, Sílvio Santos foi recebido com tapete vermelho e muitos aplausos no Céu, onde deve estar arrancando muitas gargalhadas

18/08/2024

Sílvio Santos, o inigualável! Muito já se falou sobre o maior ícone da televisão brasileira. O homem que se manteve por seis décadas à frente da telinha e que era o dono do próprio canal, o SBT, irradiava carisma e alegria genuína. Ele encantava as “colegas de trabalho”, como chamava carinhosamente o público feminino que compunha sua plateia. E desde ontem o país se cobriu de luto já nas primeiras horas da manhã com a partida de Sílvio Santos. “Como assim?! Ele morreu?!”. Na verdade, quem morreu foi Senor Abravanel, o apresentador e empresário de sucesso, aos 93 anos, aquele que começou do zero, como camelô, e criou um império da comunicação. O adeus do maior comunicador que o país já teve emocionou os brasileiros de Norte a Sul, e mais uma vez nos lembrou da finitude da vida. 

 

 

 

Cada um de nós carrega uma lembrança desse “encantador de plateias”. São memórias afetivas que carregaremos para sempre, da família reunida no sofá da sala, aos domingos, esperando ansiosamente para o Dono do Baú “chegar chegando”, sempre sorrindo e cantando (“… do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar!”). E como Sílvio Santos se divertia em estar ali, brincando e direcionando gerações de fãs! Nem os acidentes involuntários e as situações imprevistas  no palco conseguiam afetar o seu bom humor. Quem não  lembra do tempo em que a TV aberta era fonte de entretenimento e jornalismo nos lares brasileiros, muito antes do surgimento do streaming e da TV a cabo? Nesse período, o “Senhor Sorriso” atingiu picos de audiência e incomodava a toda poderosa TV Globo.

 

Como não reconhecer os múltiplos talentos daquele que interagia e surpreendia a todos pela simplicidade e generosidade? “Gente como a gente” é a melhor definição para ele: tratava a todos bem, sem distinção, incluindo os funcionários, uma característica cada vez mais rara no meio televisivo, onde os egos falam mais alto e os bastidores são marcados pelas puxadas de tapete…

 

Há dois anos, com a saúde fragilizada, Sílvio Santos decidiu se aposentar do palco discretamente.

 

Foi aí que passamos a ver imagens esporádicas do Sílvio em casa (com pijamas coloridos da confecção do neto Tiago Abravanel), e pantufas. Os cabelos brancos se tornaram visíveis e a fisionomia sem maquiagem. Mesmo sem oficializar a aposentadoria, passou o bastão para duas das seis filhas, Patrícia e Rebeca, que gradativamente foram treinadas para a árdua tarefa de seguir com o legado do pai.

 

Por seis décadas, o apresentador e empresário Sílvio encantou de Norte a Sul aos domingos. Foto: Divulgação SBT

 

O SBT e o Baú da Felicidade

 

Pouca gente sabe, mas no tempo em que cursava Jornalismo, na PUC-RS, com muita honra fui estagiária na Produção do SBT, em Porto Alegre. Foi uma experiência  gratificante que lembro com carinho. Não raro, falávamos de Sílvio Santos na Redação, especialmente da controversa candidatura à Presidência da República. Para quem cresceu assistindo o Sílvio no televisor P&B e somente mais tarde teve em casa um aparelho com imagens coloridas, nos primeiros dias do estágio, parecia surreal.

 

Em momentos distintos, e dependendo da grade de programação, segui acompanhando as atrações do canal e as mudanças promovidas por Sílvio Santos, especialmente na criação de novos quadros. Criatividade e tino comercial foram as marcas da carreira vitoriosa desse apresentador genial.

 

Outro episódio inesquecível foi quando meu pai me surpreendeu com um carnê quitado do “Baú da Felicidade”. Estava em meu nome e ele torcia para que eu fosse sorteada em um daqueles prêmios. “Se não for sorteada, pode ir com esse carnê na loja e escolher algum produto”, disse ele. E foi o que aconteceu: escolhi um faqueiro em inox, estampado com um parreiral de uvas. Guardo até hoje as peças remanescentes desse faqueiro e, acredite, as utilizo com frequência…

 

Com certeza, Sílvio Santos foi recebido com tapete vermelho e muitos aplausos no Céu, onde deve estar arrancando muitas gargalhadas. Inigualável. Eterno.

 

 

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Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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