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Coluna: Onde estão as crianças super inteligentes?

Identificar uma criança com inteligência muito acima da média exige um olhar atento da família e educadores bem preparados para apontar caminhos que a levem a um desenvolvimento promissor. Isso porque os dados relacionados ao tema são divergentes, fragmentados, e tudo indica que não correspondem nem de longe à realidade….

28/05/2023

Identificar uma criança com inteligência muito acima da média exige um olhar atento da família e educadores bem preparados para apontar caminhos que a levem a um desenvolvimento promissor. Isso porque os dados relacionados ao tema são divergentes, fragmentados, e tudo indica que não correspondem nem de longe à realidade. Para que mais crianças entrem no radar das altas habilidades, seriam necessários maiores investimentos na capacitação de profissionais especializados e na infraestrutura ofertada à essa demanda reprimida. O Dia Internacional da Superdotação é comemorado em 10 de agosto.

E como os pais podem notar um filho que se enquadra como super inteligente? A lista é diversificada: vocabulário excelente, verbalmente fluente; facilidade para aprender novas línguas; alta capacidade de memorização; raciocínio incomum para resolução de problemas; expressa ideias e reações de forma argumentativa; trabalha independentemente e mostra iniciativa; alto nível de sensibilidade e empatia aos outros; atenção prolongada e centrada nos assuntos de seu interesse; e habilidades nas artes, como música, dança, desenho, teatro e outros.

No Censo Escolar 2021, 23.758 estudantes foram identificados com perfil de Altas Habilidades/Superdotação no Brasil, matriculados em instituições públicas e privadas da educação básica. Santa Catarina concentra 1.524 estudantes mapeados pelo Censo Escolar da Educação Básica de 2021, englobando as redes estadual, municipal e privada. Destes, apenas 11 foram apontados em Jaraguá do Sul, o que seguramente não deve representar o universo de educandos com AHSD na cidade.

“Além da dificuldade de identificação, existem muitos custos envolvidos neste processo, gastos com atendimentos particulares com psicólogos e psicopedagogos, e as limitações de orientação e informação. Por isso esse número está subestimado, bem menor que a realidade”, garante a neuropsicopedagoga com especialização em altas Habilidades/Superdotação, Janice Marcon, que atende estudantes de Jaraguá do Sul.

De acordo com o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação NAAHS), ligado à Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), 178 instituições de Santa Catarina registram alunos com altas habilidades, espalhados em 23 polos de atendimento especializado em 16 regiões. Esses estudantes participam de oficinas de artes plásticas, exploratória, de leitura e produção textual, lógica e matemática, e robótica educacional. A FCEE também disponibiliza orientação e suporte psicológico e emocional às famílias dos superdotados.

Já a reportagem da “Imprensa News Sul”, datada de 15 de outubro de 2022, traz números bem menos expressivos: aponta que das 240 crianças com a chancela de super inteligentes do Brasil, somente 11 estariam em Santa Catarina. Oficialmente, o país ocupava a 30ª posição no ranking mundial de superdotados, líder na América do Sul. Essas informações são da Associação Mensa Brasil, divulgadas em outubro do ano passado. O presidente da Mensa Brasil, Rodrigo Sauaia, entende que “o Brasil é uma potência intelectual ainda adormecida e subaproveitada”. Assinala que temos uma das maiores populações do planeta e cerca de 2% dos habitantes podem apresentar sinais de altas habilidades, “porém, ainda não há um mapeamento abrangente destes indivíduos.”

Com divergências tão gritantes nos dados envolvendo crianças superdotadas, urge que os governos das esferas federal, estadual e municipal  se unam para mudar esse quadro, e possibilitar que mais e mais estudantes possam usufruir de atendimento especializado, se tornem cidadãos realizados e assim possam contribuir de forma significativa para o crescimento do país.

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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