Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: O escárnio de Robinho
O assunto não é de hoje, mas ganhou novos desdobramentos na última quinta-feira, com o início do processo de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) da sentença que condenou o ex-jogador Robson de Souza a nove anos de prisão na Itália por estupro coletivo de vulnerável. Pode se tornar…
26/02/2023
O assunto não é de hoje, mas ganhou novos desdobramentos na última quinta-feira, com o início do processo de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) da sentença que condenou o ex-jogador Robson de Souza a nove anos de prisão na Itália por estupro coletivo de vulnerável. Pode se tornar um marco jurídico no Brasil se a decisão for pelo cumprimento da pena no país, resultando em jurisprudência para situações semelhantes.
Robinho – que fugiu para o Brasil antes de ser sentenciado em terceira instância – se beneficia por não existir acordo de extradição de cidadãos brasileiros. É revoltante, mas ele não demonstra nenhuma preocupação, muito menos arrependimento pelo crime que ele e os “amigos” cometeram contra uma jovem albanesa, em 2013: vive livre e solto no litoral paulista, posta fotos sorridentes com os “parças”, pulou carnaval e até recebeu convite para voltar ao futebol. O escárnio de Robinho é inaceitável e reforça a impunidade contra a violência sofrida pelas mulheres em todo o mundo.
Como bem declarou o comentarista esportivo da Uol, Carlos Casagrande, “o cara foi condenado e fugiu para cá, debochou da menina, e para piorar, para dar um peso maior nesse crime nojento do Robinho, ele está se divertindo, debochando da cara das mulheres, rindo da cara da Justiça italiana e da Justiça brasileira”. E completou: “Ele não roubou um chocolate no supermercado, cometeu estupro de uma garota que estava alcoolizada com mais quatro comparsas dele”.
Faço minhas as palavras da colunista Amara Moira, ao apontar que é preciso acabar com a cultura do estupro, “com os comportamentos naturalizados de homens em festas, em transportes públicos, no metrô, no ônibus… O estuprador está muito mais presente na nossa sociedade e, neste sentido, o Robinho é só mais um. Ele é o homem que foi pego, mas existem vários outros que não são”.
O Caso Robinho imediatamente respinga na prisão do jogador Daniel Alves, acusado de estupro de uma mulher em uma balada na Espanha, que não foi liberado para responder em liberdade justamente por causa do risco iminente de fuga para o Brasil. Daniel já mudou várias vezes a versão dos fatos e, por último, declarou ter sido “atacado” pela denunciante de 23 anos… Pesa contra ele os exames de corpo de delito realizados na jovem, imediatamente após sair desesperada do banheiro da boate Sutton, e do depoimento da prima e da amiga, que também acusam Daniel Alves de importunação sexual. Os indícios são fortes… Agora caberá à Justiça Espanhola julgar o ex-craque da Seleção Brasileira.
A imprensa, os colegas atletas e a opinião pública se mostram divididas em relação a esses dois episódios. É triste constatar, mas muitos fãs não conseguem separar a figura do “ídolo do futebol” do cidadão, que se cometeu um crime precisa ser condenado, como qualquer outro. Muitos preferem “passar pano”, silenciar, e até mesmo defender teses machistas em relação às vítimas. Que fique claro: uma mulher tem todo o direito de ir a uma balada com as amigas, assistir um show, dançar e se divertir, mas isso não é autorização para um homem estuprá-la.
Aliás, o machismo tóxico começa e se perpetua dentro de casa, pela forma como as mães e os pais educam seus filhos, pelo exemplo que passam a eles. É preciso educar meninos e meninas para que o respeito seja o princípio básico nos relacionamentos.
Nunca é demais repetir: Não é Não!
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