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Coluna: O adeus ao humor inteligente

Não sou essencialmente saudosista, apesar de apreciar clássicos da literatura, filmes e séries ambientados em outras épocas. Entretanto, é impossível não lamentar a partida do humorista, cantor e compositor Juca Chaves. Um ser humano de características singulares e marcantes, especialmente para as gerações que acompanharam a sua vida e carreira….

26/03/2023

Não sou essencialmente saudosista, apesar de apreciar clássicos da literatura, filmes e séries ambientados em outras épocas. Entretanto, é impossível não lamentar a partida do humorista, cantor e compositor Juca Chaves. Um ser humano de características singulares e marcantes, especialmente para as gerações que acompanharam a sua vida e carreira.

E mesmo sem ter alcançado unanimidade, por seus posicionamentos políticos, Juca Chaves com certeza deve ser respeitado pelo legado artístico.

O “Menestrel Maldito”, como o costumava chamar o poeta Vinicius de Moraes, partiu na noite do último sábado, aos 84 anos, após 15 dias lutando pela vida em um hospital da capital baiana, por complicações respiratórias. Triste notícia, e não somente por ser a despedida de mais um artista talentoso, mas principalmente porque Juca Chaves representava uma época do humorismo brasileiro “que não existe mais”. Sim, a frase combina com nostalgia! Sabe por que? É que com ele o riso vinha fácil, nos prendia na poltrona com suas piadas inteligentes, sem apelação. As verdades lançadas no palco eram certeiras, porém, tinham leveza.

Polêmico, o cidadão Jurandyr Czaczkes Chaves veio ao mundo em 22 de outubro de 1938, no Rio de Janeiro. Com formação em música clássica, era dono de um humor ácido, tratava de temas políticos e sociais sentado no banquinho, sorrindo e cantarolando, sempre acompanhado do violão. E durante as apresentações na televisão, convidava as plateias a comparecerem aos shows pelo Brasil, com um bordão impagável: “Vá ao meu show e ajude o Juquinha a comprar o seu caviar”.

De uns tempos para cá, o humor por aqui passou por diversas transformações. Pessoalmente, acredito que os humorísticos produzidos hoje no Brasil deixam muito a desejar. Nos acostumamos a ouvir mais sobre os escândalos e ações na Justiça relacionados aos profissionais do riso do que a produções de qualidade. Atualmente proliferam talk shows e stand ups de “humoristas” com piadas sem graça, de gosto duvidoso, questionáveis e niveladas por baixo.

Já havíamos perdido os geniais Chico Anysio e Jô Soares… e agora, para completar, Juca Chaves… Com certeza esse trio de comediantes brasileiros deve estar se encontrando em um lugar hilariante, ao lado de outros saudosos humoristas, onde ainda há espaço para Vida Inteligente.

 

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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