Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: Guerra comercial concentra atenções
A expressão “Nero incendiando Roma” até pode parecer antiga, do tempo em que o Império Romano dominou a Europa, Ásia e África, de 27 a.C até 476 d.C , mas o assunto é atualíssimo e está tirando o sono de todo mundo, literalmente. Quem frequentou as aulas de História sabe…
13/04/2025
A expressão “Nero incendiando Roma” até pode parecer antiga, do tempo em que o Império Romano dominou a Europa, Ásia e África, de 27 a.C até 476 d.C , mas o assunto é atualíssimo e está tirando o sono de todo mundo, literalmente. Quem frequentou as aulas de História sabe que um dos imperadores mais controversos e temidos foi Nero, apontado como tirano, autoritário, perseguidor dos cristãos e… mandante do grande incêndio que consumiu Roma.
Hollywood mostrou o imperador romano Nero do alto do palácio tocando uma lira despreocupadamente, enquanto se divertia assistindo Roma em chamas. Era a época em que os imperadores tinham o poder absoluto, de determinar a vida ou a morte dos povos dominados. E, sim, a semelhança desse episódio angustiante de um passado distante com o cenário atual não é mera coincidência! Afinal, o mundo está “pegando fogo” com as tarifas anunciadas para os países que mantêm relações comerciais com os Estados Unidos! A ordem do dia é negociar, mas nem todos estão conseguindo chegar um bom termo. Ainda bem que a nação brasileira conseguiu garantir 10% de tarifação, graças ao empenho em apresentar dados que justificaram a menor tarifa.
Quem poderia imaginar que a nação considerada a mais poderosa do planeta causaria tantas oscilações nas bolsas de valores e a consequente apreensão na economia global? E que a guerra comercial desencadeada com o “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocasse um realinhamento e a formação de novos novos parceiros, frente ao novo panorama? Num certo sentido, seria Trump o “incendiário contemporâneo” a lançar chamas na economia globalizada? O que podemos esperar? Mudanças na geopolítica? Nova ordem global? Especialistas preveem que, dependendo das próximas decisões em relação às tarifas, existe o risco dos Estados Unidos enfrentarem o isolacionismo.
Guerra comercial entre Estados Unidos e China atrai as atenções do mundo. Ilustração: Globo News
A segunda nação mais poderosa, a China, busca parceria com a União Europeia, como resposta à imposição do governo norte-americano da taxa de 145% para os produtos chineses. O governo chinês garante que não vai ceder e lembra que soma “5 mil anos de História”. Prefere fortalecer aliados e nesse ponto favorece o Brasil, com a recente compra de 40 navios com 240mil toneladas de soja, que corresponde a um terço do consumo mensal chinês. A China também se abriu para o cinema brasileiro e de outros países, fechando as portas para a entrada de películas estadunidenses.
Essa é uma guerra de titãs, em que, ao que tudo indica, a China está conseguindo contornar com estratégia e agilidade na busca de soluções. E ainda em se tratando do Brasil, a grande preocupação é que o preço final dos alimentos nas gôndolas suba ainda mais, pela possibilidade do país passar a aumentar as exportações e, consequentemente, sobrar menos para abastecer o mercado interno. É preciso reforçar que a cotação do dólar também está diretamente ligada a esse processo.
Recuo no tarifaço
Ao que tudo indica, algumas movimentações, como a reação firme da China e as articulações do antigos aliados estão fazendo o governo americano recuar e rever algumas decisões. Na última sexta-feira (11), Donald Trump anunciou que smartphones, computadores, chips e outros eletrônicos ficarão isentos das tarifas comerciais impostas pela Casa Branca de 145% sobre os produtos importados da China, e 10% aos demais países. A decisão foi publicada pela alfândega dos EUA, a US Customs and Border Protection. A motivação para esse recuo é que esses equipamentos, de maneira geral, não são fabricados nos Estados Unidos e a maioria são importados da China.
E você, o que pensa de tudo isso? Se preparando para as mudanças em curso na economia global, e no que pode afetar no bolso? O jeito é aguardar os próximos capítulos…