Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: Dia Mundial do Vinho? Sim, temos!
Cada civilização apresenta a própria narrativa mitológica para o surgimento do vinho
18/02/2024
Você sabia que 18 de fevereiro, é o Dia Mundial do Vinho?
A data é tão significativa que no último domingo aconteceu a “Maratona do Vinho” no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, no Rio Grande do Sul, berço da colonização italiana e na vitivinicultura, no extremo Sul do Brasil. Para os que são descendentes de italianos, como eu, um capítulo da História do Brasil que nos orgulha e emociona.
A palavra “vinho” tem origens em diversas línguas: grego, árabe, etíope, assírio, hebraico, albanês, irlandês antigo, gaulês, alemão, inglês, russo e lituano. O escritor da Roma Antiga, Cícero, apontou que o termo vinum deriva da união de duas outras palavras do latim: Vir e Vis que significam, respectivamente, homem e força. Dessa forma, a interpretação é que o vinho seria “a força do homem”. Os frades da Idade Média, em seus rituais litúrgicos, diziam Vinum bonum Dei donum, que significa “o vinho bom é presente de Deus”.
Sem dúvida, a bebida milenar produzida a partir da uva fermentada é com certeza uma das mais apreciadas, enaltecida e encontrada em todos os continentes, tanto nas mais modestas moradas, como nas mais sofisticadas mesas.
Comemorações diversas, rituais religiosos, ou encontros sociais: tudo é motivo para levantar uma taça de vinho e celebrar. O certo é que quem gosta de saborear um bom vinho não precisa de uma data especial para degustá-lo!
Da origem artesanal, com a tradição da uva esmagada pelos pés, até as produções industriais de alta qualidade em grande escala, foi trilhado um longo caminho. Afinal, seu surgimento remonta a cerca de 6.000 a.C., possivelmente nos atuais territórios da Geórgia, Turquia, ou Irã. Depois, o vinho se espalhou pelo Mediterrâneo, especialmente na Grécia, Roma Antiga e Egito. Alguns pesquisadores ainda identificam uma bebida da Índia védica como o ancestral do vinho.
Cada civilização apresenta a própria narrativa mitológica para o surgimento do vinho. Entre os egípcios, o responsável pela introdução do vinho foi o deus solar Rá, oferecido nas festividades religiosas em homenagem à deusa Hathor.
Na mitologia grega, Dionísio, filho de Zeus, enlouquece e passa a percorrer o Egito, Síria, Índia e Frígia, onde encontra a deusa Cibele, que o cura de seu mal. Não por acaso, o trajeto de Dionísio foi a peregrinação das vinhas, cultivo e elaboração do vinho. Ao glorificar Dionísio são realizadas festas rituais, eventos com música, danças e regados a vinho, com a chegada da Primavera. Vale lembrar que Dionísio era o deus das festas, do teatro, do vinho, da videira e dos ciclos vitais da Terra. Aliás, foi na Antiguidade Clássica que o vinho e a folia que originou o carnaval conviviam juntas!
Para os romanos, a introdução do vinho está ligada ao deus Saturno, às sementes e às vinhas. Já entre os gauleses, a divindade era Sucellus. A tradição bíblica apresenta o vinho como um dom divino. (Fonte: www.vemdauva.com.br.).
Por sinal, consta que foi a Igreja Católica que trouxe o vinho para o Novo Mundo. Os registros apontam que o vinho chegou no continente americano pela primeira vez no México, no século XVI, trazido pelos missionários para a eucaristia. Portanto, a importância histórica dessa bebida surgida há milênios é inquestionável!
E você sabia que foi a partir da armazenagem e do transporte de vinho por ânforas (envolvidas em palha para proteger contra choques), que permitiu a expansão do comércio do vinho?
Com certeza, em algum momento da vida, você possivelmente teve acesso a uma taça de vinho. E aqueles que apreciaram a experiência, possivelmente a repetiram muitas e muitas vezes. E devem se repetir, também, para as próximas gerações!
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