Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: A intolerância pós-pandemia
O mito de que o povo brasileiro é “alegre e pacífico” já caiu por terra há muito tempo. Estamos a cada dia mais intolerantes. As pessoas estão matando e morrendo por situações banais, no trânsito, no bar, na balada, em discussões entre familiares, vizinhos e amigos. Basta acessar os noticiários…
11/06/2023
O mito de que o povo brasileiro é “alegre e pacífico” já caiu por terra há muito tempo. Estamos a cada dia mais intolerantes. As pessoas estão matando e morrendo por situações banais, no trânsito, no bar, na balada, em discussões entre familiares, vizinhos e amigos. Basta acessar os noticiários para constatar que a intolerância e a violência estão por toda a parte. E que tudo isso se agravou ainda mais com os danos causados à saúde mental pela covid-19.
Por sinal, perdas familiares, medo, falta de socialização e instabilidade no trabalho aumentaram o nível de ansiedade, depressão e sofrimento psíquico no planeta, nesse período. Vale lembrar que o Brasil é a nação mais ansiosa do mundo e a quinta mais depressiva, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Um dos reflexos dessa agressividade latente é o crescente número de “barracos” entre passageiros em voos comerciais pelo Brasil. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), em 2022 foram registrados 585 casos de indisciplina, apontado como recorde nos últimos quatro anos, e quase o dobro de 2019. A Abear constata que, em média, ocorre pelo menos uma confusão por dia. A Agência Nacional de Aviação (Anac) já estuda a criação de uma lista para barrar os brigões e garantir a segurança a bordo durante as viagens.
O professor Sigmar Malvezzi, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP/USP), acredita que a pandemia agravou um problema já existente, segundo palavras dele, de “desmanche das normas de conduta social”. Simplificando: a falta de educação e civilidade de parte dos passageiros foram somadas aos reflexos devastadores da covid…
Para o presidente da Sociedade Brasileira pra o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, “tudo isso é estarrecedor, porque estamos diante de uma sociedade adoecida”. A situação é tão dramática que em maio o Ministério da Saúde acenou com aporte de R$ 21,3 milhões ao ano para o Sistema Único de Saúde (SUS), destinados ao atendimento de pessoas com sofrimento, transtorno mental, ou com necessidades de atendimento decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
Insônia, irritabilidade e desânimo persistentes por várias semanas são indicativos claros de que é preciso buscar ajuda especializada. Procurar uma terapia antes do agravamento desses sintomas pode fazer toda a diferença no processo de reaver a saúde mental, imprescindível para uma vida saudável e de qualidade.
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