O Dia Nacional de Combate à sífilis é neste sábado
Em Santa Catarina, em 2016, a taxa de detecção de sífilis adquirida (77,8 casos por 100 mil habitantes) foi superior à média nacional (42,5 casos por 100 mil habitantes) e o estado ocupou a terceira colocação no ranking com as maiores taxas de detecção.
16/10/2020
O terceiro sábado de outubro é dedicado para mobilizações do Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. Em anos anteriores foram realizadas ações de testagem rápida em locais com grande circulação de pessoas.
Neste ano, devido à pandemia da Covid-19, a temática envolve campanha de incentivo à prevenção e testagem por meio de mídias sociais. Um vídeo que aborda o tema será divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde nas plataformas das salas de aula on-line de nível médio e superior.
A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema Pallidum, transmitida principalmente pela relação sexual desprotegida. Apesar de ser uma doença antiga e de tratamento eficaz, os casos vêm aumentando nos últimos anos em todo o mundo, no Brasil e também em Santa Catarina.
Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível (IST) e sua principal forma de contágio é através da relação sexual sem uso de preservativo, inclusive por sexo oral. Outra forma importante de contágio é a da mãe infectada para o bebê, durante a gravidez e o parto. Apesar de rara nos dias de hoje, pode ocorrer também transmissão por meio da transfusão de sangue contaminado.
O Brasil vive um período de aumento dos casos de sífilis nos últimos anos. Após 2010, quando a sífilis adquirida teve sua notificação compulsória implantada, a taxa de detecção aumentou de dois casos por 100 mil habitantes em 2010 para 42,5 casos por 100 mil habitantes, em 2016. A estimativa da Organização Mundial da Saúde é que 937 mil pessoas sejam infectadas a cada ano no país.
Em Santa Catarina, em 2016, a taxa de detecção de sífilis adquirida (77,8 casos por 100 mil habitantes) foi superior à média nacional (42,5 casos por 100 mil habitantes) e o estado ocupou a terceira colocação no ranking com as maiores taxas de detecção (atrás dos estados do Rio Grande do Sul e Espírito Santo).
No período compreendido entre 2010 e março de 2018 foram notificados, no Estado, 37.205 casos de sífilis adquirida. Destes 59,5% ocorreram em homens e 49,6% em indivíduos de 20 a 34 anos. No mesmo período, 6.967 gestantes foram diagnosticadas com sífilis (notificadas separadamente), ocorreram 2.661 casos de sífilis congênita (transmissão da doença da mãe para o bebê), o que ocasionou 85 abortos e 122 natimortos. A sífilis congênita é ainda mais preocupante, considerando que a criança pode nascer livre da sífilis se houver o tratamento adequado da gestante infectada.
Em Jaraguá do Sul, houve um aumento considerável de detecção de casos de sífilis no ano de 2015. Diante deste cenário, as Diretorias de Vigilância em Saúde e de Atenção Básica construíram e implantaram, em 2016, os primeiros protocolos municipais do manejo da sífilis e de testagem rápida na Atenção Básica.
Entre outras ações, houve a capacitação dos profissionais da saúde com a promoção do curso de “Abordagem Sindrômica das Infecções Sexualmente Transmissíveis”, a organização da logística da distribuição dos testes rápidos, a oferta e realização do Teste Rápido nas Unidades de Saúde, bem como a descentralização do atendimento aos pacientes diagnosticados com sífilis e a aplicação da penicilina na Atenção Básica.
Além disso, foram realizadas mais ações, como a mobilização de ações de testagem rápida em shopping, praças, empresas, escolas técnicas e faculdades do município. Nos anos subsequentes, observou-se uma queda na quantidade de casos notificados de sífilis adquirida, que passou de 291 em 2015 para 178, em 2018, resultando em um percentual de queda de 40%.
Em relação à quantidade de casos de sífilis em gestante, foram notificados 53 casos em 2015, e 24 em 2018, resultando em um percentual de queda de 55%. A quantidade de casos de sífilis congênita passou de 22 casos em 2015 para um, em 2018, numa queda de mais de 95%. Em 2018 foram 2.353 nascimentos de residentes de Jaraguá do Sul para um caso de sífilis congênita registrado no município. Em 2019 foram notificados 190 casos de sífilis adquirida, 10 casos de sífilis em gestante e nenhum caso de sífilis congênita.
Sinais e Sintomas – Inicialmente, a sífilis se manifesta como uma ferida nos órgãos genitais e ínguas nas virilhas, que desaparecem espontaneamente e podem passar despercebidas. Após alguns meses, surgem manchas no corpo e queda de cabelo que também cessam sem tratamento. Nessas fases, a sífilis é altamente contagiosa e a pessoa continua doente e transmitindo a doença, mesmo aparentando melhora.
Quando não há tratamento adequado, a doença fica estacionada por meses ou anos, até surgirem complicações mais graves como cegueira, paralisia, doenças cardíaca e cerebral, que podem tanto deixar sequelas importantes, como levar à morte.
Diagnóstico – A sífilis pode ser confirmada através de um exame de sangue simples. Mesmo se a pessoa não apresentar nenhuma queixa e tiver se infectado há muito tempo, ainda assim é possível descobrir e realizar o tratamento adequado. Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para sífilis e o exame é obrigatório nas gestantes, no início e no final da gestação, e também durante a internação para o parto. A implantação do Teste Rápido da sífilis nos últimos anos tem facilitado e agilizado o diagnóstico.
Teste Rápido – Os testes rápidos são práticos, de fácil execução e são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Teste Rápido detecta a sífilis mesmo que a doença tenha sido adquirida há muitos anos, possibilitando assim que o tratamento seja realizado a tempo de evitar o surgimento dos sintomas mais graves.
No município de Jaraguá do Sul, todas as unidade as Unidades Básicas de Saúde realizam o teste rápido de sífilis, que fica pronto em poucos minutos. Além das Unidades de Saúde, o município conta com um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado na Rua Jorge Czerniewicz, nº 800, no Bairro Czerniewicz (piso superior do Pama I), com demanda livre para realização de testes rápidos.
Tratamento – A sífilis tem tratamento e, se realizado corretamente, leva à cura da doença. O tratamento é realizado com antibióticos indicados por um profissional de saúde. O principal antibiótico utilizado é a Penicilina Benzatina, conhecida como Benzetacil. Outros antibióticos possíveis de serem utilizados são Doxiciclina e Ceftriaxona.
Gestantes – O pré-natal é essencial para evitar a sífilis congênita. Quando a mulher engravida, pode transmitir sífilis para o filho durante a gestação e o parto, fazendo com que o bebê desenvolva sífilis congênita. Por isso, é importante realizar exames antes de engravidar e, principalmente, durante as consultas de pré-natal. A sífilis congênita pode causar aborto, má-formação do feto e até morte do bebê, se ele nascer gravemente doente.
O exame que detecta a sífilis é o de sangue que é solicitado rotineiramente durante o pré-natal. Quando o resultado é positivo, a gestante e seu parceiro devem realizar tratamento com os antibióticos recomendados pelo profissional de saúde. Na gravidez, o único antibiótico capaz de tratar a sífilis congênita é a penicilina, conhecida como Benzetacil.
Após o tratamento, a gestante deve realizar exames de controle durante o pré-natal para monitorar o sucesso da terapia. É fundamental que o tratamento seja realizado corretamente e até o final, para garantir que o bebê nasça saudável.
É importante lembrar que, se o casal está planejando engravidar, deve realizar o exame de sífilis antes, para evitar o risco de abortamento.
Fonte: Leníria de Cássia Menel, supervisora do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que previne as IST, HIV e Hepatites Virais e pelo Serviço de Atenção Especializada (SAE), que presta assistência às pessoas com HIV/Aids, Hepatites Virais, Tuberculose ou Hanseníase. Fone:2106-8300.