Economia

Dia da cachaça: Alambique Luchetta surge de um sonho de Juca e Sérgio Luchetta

Na propriedade da família ele construiu um engenho para produção de cachaça artesanal, seguindo todas as normas técnicas estipuladas pela Anvisa, obtida por meio da destilação do mosto fermentado da cana em alambique de cobre, o que confere um sabor diferenciado ao produto.

16/09/2020

A cachaça vem sendo produzida há mais de 500 anos por agricultores e empresários que mantêm a tradição de suas famílias e produzem ótimas bebidas.

Do mesmo modo, a cada dia surgem novos engenhos, criados por empreendedores que enxergam na produção de cachaça um bom negócio. Que o diga o massarandubense Sérgio Luchetta.

Depois de 25 anos fora, voltou a origem e está investindo na implantação de um alambique de cachaça e aguardente, na Estrada Braço Direito 4.915 (SC-414), na propriedade da família, que fica entre as Capelas Sagrada Família e São José.

Ele é filho de Juca Luchetta (falecido) que sempre tinha ideia de montar um empreendimento, mas não conseguiu realizar o sonho.

Sérgio saiu de casa aos 18 anos e retornou aos 43, tendo desempenhado atividade profissional em loja e como bancário trabalhando em várias cidades e Estados.

Largou o banco e em 2018 decidiu voltar à origem e desenvolver um projeto que tinha em mente e que era também o desejo do pai.

Na propriedade da família construiu um engenho para produção de cachaça artesanal, seguindo todas as normas técnicas estipuladas pela Anvisa, obtida por meio da destilação do mosto fermentado da cana em alambique de cobre, o que confere um sabor diferenciado ao produto.

A capacidade pode chegar a até 120 litros/dia, mas o Alambique Luchetta ainda não atingiu a capacidade plena.

O proprietário Sérgio disse que o investimento feito até aqui é considerável e ainda não está completo. “O retorno será em longo prazo”, acredita.

Ele produz, mas ainda não comercializa a cachaça branca e a amarela, esta maturada em toneis de madeira de diferentes variedades, que conferem sabores especiais, além de licores de frutas colhidas na propriedade.

Proprietário aguarda licença para envasamento de cachaça e licor

Sérgio Luchetta diz que o negócio da cachaça não é como o cervejeiro, de rápida produção e comercialização. A cachaça obedece um processo de produção e maturação mais longos.

Precisa ser envelhecida para adquirir qualidade. Ele próprio comanda todo o processo e acompanha cada etapa.

O envasamento será feito assim que obtida a licença de comercialização dos órgãos reguladores, mas a empresa já está formalizada.

Agora como empreendedor, é uma diferença abissal entre trabalhar num ambiente refrigerado de banco que fazia até 2018 para um negócio industrial artesanal de fabricação de cachaça, no interior.

“Sempre quis voltar mais próximo da família, empreendendo numa atividade que tinha em mente realizar um dia.

Está no início, mas estou satisfeito porque já consegui cumprir várias etapas do projeto. Vai demorar um bom tempo para pagar os investimentos, mas tenho plena consciência de que vou conseguir”, afirma animado.

Sérgio aproveitou o sobrenome da família Luchetta como a marca do produto e nome do alambique.

Seu trisavô, Ângelo Giuseppe Luchetta, veio da Itália, de Vallada Agordina, no coração das montanhas dolomitas, patrimônio da Unesco.

A família veio para a Colônia Luiz Alves e se estabeleceu no Braço Direito, onde fica a propriedade, que sustenta várias gerações.

 

Terceirização e baixo investimento faz aumentar o número de marcas no Brasil

Atraídas pelo baixo investimento e um mercado que fatura bilhões anualmente, cada vez mais pessoas estão aprendendo a empreender nesse nicho promissor.

Criada pelos senhores de engenhos para compensar o baixo valor do açúcar, a cachaça passou a exercer grande influência na economia brasileira e a incomodar a Corte Real Portuguesa, que detinha o monopólio comercial de vinhos e aguardente no Brasil.

Com isso, os portugueses barraram a produção e venda da cachaça através de uma Carta Real.

Revoltados por terem que pagar impostos e serem perseguidos por comercializarem a bebida, no dia 13 de setembro de 1661, os produtores tomaram o poder no Rio de Janeiro durante cinco meses e assim surgiu a Revolta da Cachaça.

Por conta desse episódio, desde 2010, o dia 13 de setembro ficou conhecido como o “Dia Nacional da Cachaça”.

Não é de agora que a cachaça deixou de ser fabricada apenas por grandes destilarias. Há algum tempo as artesanais já ocupam um espaço importante, chegando a competirem em faturamento com suas tradicionais concorrentes.

O grande diferencial, hoje, é o processo de democratização pelo qual o mercado desse destilado vem passando: com um investimento de R$ 2 mil, e sem a necessidade de possuir uma destilaria, já é possível tornar-se um produtor.

De acordo com a publicação “A Cachaça no Brasil: Dados de Registro de Cachaças e Aguardentes”, divulgada recentemente, houve aumento de 9,73% na quantidade de marcas de produtos classificados como cachaça, que pulou de 3.648, no ano de 2018, para 4.003, no ano passado, com um faturamento anual de mais de 10 bilhões de reais.

 

 

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