Economia

Arroz não pode ser considerado vilão dos alimentos básicos, aponta Giovanella

O presidente da Cooperativa, Orlando Giovanella, também lamenta a fake news e diz que houve aumento sim, mas o pacote é vendido pela metade desse valor para o consumidor, com algumas variações.

11/09/2020

O preço do arroz nos supermercados teve alta considerável nas últimas semanas por conta das oscilações do mercado, mas também exagero por conta de fake news.

No final de semana circulou informação, com imagem inclusive, de que um pacote de arroz de 5 kg da marca Buriti, da Cooperativa Juriti, estaria sendo vendido a R$ 42,99 na Rede Condor, de Curitiba, que tem várias lojas, inclusive em Jaraguá do Sul.

Informação mentirosa que a própria Condor tratou de esclarecer.

O presidente da Cooperativa, Orlando Giovanella, também lamenta a fake news e diz que houve aumento sim, mas o pacote é vendido pela metade desse valor para o consumidor, com algumas variações.

Ele lembra que para o produtor, nos últimos anos, a remuneração sempre foi baixa, mesmo arcando com aumentos significados dos insumos básicos para produção.

“Os engenhos receberam uma margem pequena de lucro no processo industrial, comercialização e colocação nos pontos de venda apenas”, registra.

Ele cita, por exemplo, que em 2004, a saca de 50 kg de arroz em casca era vendida a R$ 40,00 e de lá para cá, se fosse corrigida a inflação, a saca estaria passando dos R$ 90,00.

“Nesse período, tivemos enchente, estiagem, preços abaixo de R$ 30,00 e poucas vezes acima de R$ 40,00, ou seja, não acompanhou os outros produtos, sequer os que fazem a composição dos custos da lavoura”, comenta Orlando.

Outra observação é de que o óleo diesel custava em 2004 em torno de R$ 0,60 o litro e atualmente está acima de R$ 3,00. “No mesmo período a energia subiu cerca de 800% e os maquinários da lavoura mais de 500%.

E o salário mínimo que era R$ 260,00, atualmente está em R$ 1.045,00, aumento de 300 por cento. O arroz não pode subir?”, indaga o presidente da Cooperativa Juriti.

Orlando Giovanella vai mais longe: “Uma família com quatro pessoas consome cerca de 30 quilos em três meses, ou 10 quilos por mês.

Se o pacote de 5 kg hoje chega a custar R$ 25,00, por exemplo, seriam R$ 50,00 para quatro pessoas, o que representa R$ 0,41 por pessoa/dia.

Aí ficam criticando que vão trocar por massa, batatinha ou outros produtos. Será que é mesmo mais barato que arroz e feijão?”, pergunta.

Margem de retorno financeiro ao produtor é muito pequena

O presidente da Cooperativa Juriti diz que a atividade agrícola, embora para quem está fora dela pareça muito bonita e é romantizada, é muito difícil pelo custo da terra, da produção, dos insumos, da legislação ambiental e outras dificuldades enfrentadas no dia a dia, sem contar o valor baixo pago na colheita, regulado pelo mercado.

“Sobra muito pouco para se manter e reinvestir no negócio”.

Com o aumento do arroz nas prateleiras dos supermercados, por conta de diversos fatores do mercado, a saca de 50 quilos em casca chega a valer R$ 85,00, isto para quem consegue guardar propriamente o estoque da sua colheita na entressafra.

São poucos que conseguem ter armazenamento próprio. A maior parte dos cooperados entrega a produção para a Cooperativa, no ato da colheita.

Para Orlando Giovanella, o setor arrozeiro não tem incentivo para maiores investimentos e acaba desanimando os mais jovens a persistirem no campo.

“Trabalham muito para um retorno pequeno em termos de lucratividade. É preciso mais apoio e incentivo para o setor de arroz, sob pena de no futuro não ter quem o produza na quantidade necessária para suprir a demanda de consumo”, conclui.

Crédito: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Governo Federal diz que não vai faltar arroz no País

O Governo Federal tem sido pressionado devido ao aumento de preços de alimentos básicos como arroz, feijão, carnes e leite. Na terça-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que não vai faltar arroz no país, que a Conab tem estoque regulador.

Só que o preço do cereal subiu mais de 20% este ano no país e um aumento maior da oferta pode ser esperado apenas na próxima safra, sinalizou a ministra. Isso significa que o estoque regulador não tem o tamanho necessário.

A retomada da inflação é criticada porque afeta justamente o custo de vida dos mais pobres, que sofrem com a pandemia.

Tereza Cristina foi pressionada inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro sobre os aumentos dos alimentos. Mas, pelas declarações dela, o Ministério terá que deixar a lei da oferta e da procura agir.

Ela informou que a safra de arroz 2020/21 será 7,2% maior e chegará a 12 milhões de toneladas.

 

SEMEADURA – Na região do Vale do Itapocu, a semeadura do arroz da nova safra está acontecendo, ainda, mas a maioria foi realizada em julho e agosto.

São utilizadas duas formas de semeadura, segundo a Cooperativa Juriti: a pré-germinada e a em linhas.

Na pré-germinada a semente é colocada em solo previamente inundado, o que exige água por ocasião do preparo do solo e da semeadura e, na semeadura em linhas, emprega-se a semeadora, o que resulta em maior percentagem de germinação e uniformidade de emergência de plântulas.

Nesse sistema, há maior eficiência de utilização dos fertilizantes, visto que são colocados somente no sulco de semeadura, abaixo das sementes.

 

 

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