Professor Pesquisador, Mestre em Educação, Especialista em Planejamento Educacional e Docência do Ensino Superior, Historiador e Pedagogo. Entusiasta da Educação
Coluna: Rússia e Ucrânia, história que remete à Idade Média
Trago um breve contexto do início histórico do conflito de hoje. Nas próximas semanas complemento os fatos históricos até chegarmos na atualidade.
02/03/2022
História que remete à Idade Média
Os atuais conflitos militares entre a Rússia e a Ucrânia têm uma história que remete à Idade Média. Ambas possuem raízes comuns que se estendem até a época do antigo Estado da Rússia de Kiev, nas terras eslavas do leste. Esse é o motivo pelo qual o presidente russo, Vladimir Putin, se refere aos dois países como “um só povo”.
Divididas há séculos
O fato, porém, é que às duas nações estão divididas há séculos, o que resultou no surgimento de dois idiomas e duas culturas proximamente relacionadas, mas bastante distintas. Enquanto a Rússia se desenvolveu politicamente em um império, a Ucrânia se provou incapaz de estabelecer um Estado próprio. No século XVII, uma ampla região do que é hoje o território ucraniano se tornou parte do Império Russo.
Desintegração do império
Após a desintegração desse império, em 1917, o país vivenciou um breve período de independência, antes de a União Soviética o reconquistar à força.
Fim da União Soviética
Em dezembro de 1991, Ucrânia, Rússia e Belarus assinaram um acordo que selava efetivamente o fim da União Soviética. Moscou, porém, pretendia manter sua influência na região através da recém-criada Comunidade dos Estados Independentes (CEI). O Kremlin também calculava que o fornecimento de gás natural a baixo custo manteria a Ucrânia em sua órbita. Mas as coisas se desenrolaram de maneira bem diferente. Enquanto Rússia e Belarus forjaram uma aliança próxima, a Ucrânia se aproximava cada vez mais do Ocidente.
Tratado de Amizade
Em 1997, Rússia e Ucrânia assinaram o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria, conhecido como o “Grande Tratado”, através do qual Moscou reconhecia as fronteiras oficiais da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia, região que abriga uma maioria étnica russa.
Putin no poder
A primeira grande crise diplomática entre os dois lados surgiu com a chegada de Putin ao poder. Em 2003, a Rússia começou a construir, inesperadamente, uma barragem no estreito de Kerch, próximo à ilha ucraniana de Tulza – entre o território russo e a Península da Crimeia.
Rachaduras
Kiev considerou isso uma tentativa russa de redesenhar as fronteiras nacionais. O conflito somente foi resolvido após um encontro frente a frente entre os dois presidentes. A construção foi suspensa, mas a fachada de amizade entre os dois lados começou a demonstrar rachaduras.
Revolução Laranja
As tensões se agravaram durante as eleições presidenciais na Ucrânia em 2004, com Moscou colocando todo seu peso a favor do candidato pró-Rússia Viktor Yanukovych. A chamada Revolução Laranja evitou que ele assumisse. A eleição foi declarada fraudulenta, e o candidato pró-Ocidente Viktor Yushchenko se tornou presidente.
Adesão Otan 2
Em 2008, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressionou pelo início do processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia à Otan, apesar dos protestos de Putin, cujo governo não reconhece totalmente a independência ucraniana.
Verão de 2013
Após as coisas não irem tão bem quanto esperado em relação à Otan, a Ucrânia fez uma nova tentativa de reforçar seus laços com o Ocidente, através de um acordo de associação com a União Europeia. Mas, no verão de 2013, poucos meses antes da assinatura do documento, Moscou passou a exercer forte pressão econômica sobre Kiev e forçou o governo do então presidente Yanukovych – que acabou vencendo a eleição em 2010 – a congelar o acordo.
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