Saúde

Controle bioativo do maruim está sendo apresentado na região

O estudo concluído em 2007 registrou que a espécie infestante nos municípios afetados é C. paraensis e que há grande correlação entre o cultivo de banana e a infestação de maruim

19/07/2019

Técnicos e produtores rurais de Jaraguá do Sul participaram no dia 10 do primeiro encontro do ciclo de apresentações públicas sobre o “Projeto Maruim”, realizado pelo Laboratório de Inovação da Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali). Durante o encontro, Gilmar Erzinger, cientista e responsável técnico do laboratório apresentou todas as etapas do projeto e suas peculiaridades. O projeto é resultado de uma pesquisa desenvolvida por Luiz Américo, que identificou os principais pontos de reprodução do inseto.

A partir disso, novas pesquisas resultaram na criação do Controlador Bioativo do Maruim (CBO), produto bioativo, sem interferências no ecossistema e culturas rurais e que promete eliminar os focos de proliferação do maruim.Segundo a pesquisa, o inseto se reproduz em ambientes alcalinos, encontrados facilmente em materiais orgânicos em decomposição, como por exemplo, caules de bananeira, esterco da produção de gado, suínos e aves, produção de hortaliças entre outros, por isso, cada propriedade terá um formato diferente de aplicação, de acordo com a cultura.

“Num primeiro momento, selecionamos nove propriedades em toda a região que receberão os testes iniciais, já no mês de agosto. A partir disso, iniciaremos a distribuição do insumo junto as Secretarias de Agricultura de cada município e a capacitação dos produtores rurais, que serão responsáveis pela aplicação do CBO”, explica Gilmar Erzinger.O segundo encontro foi na cidade de Guaramirim, na segunda-feira (15), na Câmara de Vereadores. Nos dias 22 e 24 serão em Schroeder e Massaranduba e, no dia 25 de julho, em Corupá.

Cepo da bananeira é um dos principais criadouros do maruim

O estudo concluído em 2007 registrou que a espécie infestante nos municípios afetados é C. paraensis e que há grande correlação entre o cultivo de banana e a infestação de maruim. “Como o cultivo de banana já existe na região desde 1930 e a infestação só se evidenciou a partir de 1997, infere-se que, durante este período, mudanças ambientais como a conversão cada vez maior de parte da mata atlântica em monocultura e áreas urbanizadas, o uso de agrotóxicos diversos e consequentemente a diminuição das populações naturais de predadores, propiciaram a proliferação do maruim nos bananais, agravado pela presença constante do homem próximo ao criadouro, constituindo fonte segura de repasto sanguíneo”.

Adiante, o registro de que “o cepo de bananeira em decomposição se mostrou o principal criadouro de C. paraensis na área em estudo, enquanto que o pseudocaule, o esterco de galinha à beira de riacho e o chão do bananal não se mostraram bons criadouros. Observou-se que o período entre a deposição de ovos e a eclosão de C. paraensis pode ser maior que 49 dias, indicando ser o ciclo de vida (ovo a adulto) deste inseto bastante longo. Futuros trabalhos com vistas ao controle da infestação devem levar em conta o emprego de métodos de desativação dos cepos”.

Pesquisa começou nos primeiros anos do novo século

Devido às queixas sistemáticas de picadas por maruim nos municípios do Vale do Rio Itapocu, e pela ausência de um método de controle desses insetos, realizou-se um trabalho multidisciplinar para identificar as espécies infestantes e seus criadouros preferenciais. Como a infestação tem importância regional, foram inicialmente parceiros nesta pesquisa os municípios de Jaraguá do Sul, Corupá e Schroeder, representados pela Amvali e o Instituto Oswaldo Cruz, que viabilizou sua realização.

Naquela pesquisa buscou-se conhecer as áreas de ocorrência de infestação, a espécie prevalente na microrregião, a correlação entre a incidência de maruim e algum tipo de atividade antrópica, os possíveis microambientes que constituem criadouros da espécie infestante e seu ciclo de vida (ovo a adulto), a fim de fundamentar futuros trabalhos de controle.

Os estudos, concluídos em 2007, contaram com a participação dos pesquisadores Ulises Sebastian Sternheim (este de Jaraguá), Enaly Silva Ribeiro, Lina Lane Pereira, Reginaldo Peçanha Brazil, Paulo Roberto Pereira de Araújo e Maria Luiza Felippe-Bauer. Descobriu-se que o incômodo mosquito, endêmico na mata atlântica, tem associação com o cultivo de bananas, onde usa o cepo da bananeira em apodrecimento para se reproduzir.Maruins têm um ciclo de vida de aproximadamente 50 dias e podem ser encontrados também em manguezais. Eles se alimentam de matéria orgânica em decomposição e gostam de ambientes quentes e úmidos.

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